Menos pirotecnia

Marcos Tavares

A saúde no Brasil é um problema grave. Cheio de vícios antigos e dissociado da realidade das ruas, nosso sistema de saúde precisa de uma reviravolta geral que levará anos. Mas, algumas providências fáceis e baratas poderiam começar a aliviar esse quadro dantesco. Uma delas seria a compra de mais macas.

Sim, de singelas macas, baratas, fáceis de confeccionar e de baixa tecnologia. É que aqui na capital e em outras cidades a falta de macas em hospitais segura os veículos do Samu às vezes por horas impedindo que eles prestem socorro a outras vítimas. Sem as macas, requisitadas pelos hospitais sem leito, as ambulâncias ficam inúteis e esperam por horas a fio que esse simples equipamento lhe seja devolvido.
Vamos à frente. Se o hospital segura as macas das ambulâncias é porque não tem leitos. Leitos não exigem tecnologia de ponta nem grandes investimentos e os hospitais – principalmente os de urgência – deveriam tê-los em quantidade, guardados justamente para um momento que justificasse sua utilização. Isso liberaria as macas e elas cumpririam suas funções. Vejam como duas providências simples desafogam um quadro que é real, corriqueiro e que parece insolúvel, mas é de solução fácil e a preços baixos, faltando apenas que o problema seja examinado em seus detalhes em vez de se tentar uma ação macro, impossível e cara.

Construir hospitais menos suntuosos seria outra saída. Não precisamos de hospitais com grifes de arquitetos famosos. Quatro paredes e um teto, chão e paredes que permitam a higienização e está pronto um novo local de atendimento. Mas nos move esse sentido do espetacular, de pistas de heliporto que jamais são usadas, de fachadas gigantescas e nababescas que elevam o custo de construção e fazem de um hospital um monumento à vaidade de alguns. São como essas dezenas de soluções simples que juntas ajudariam a organizar esse caos que é nossa saúde pública e salvaria vidas com menos pirotécnica e mais eficiência.

Sombra

Convenhamos que fica difícil para a presidente Dilma – a búlgara – governar com uma eterna e incômoda sombra por trás de sua cadeira. Cada ação, cada gesto seu, cada medida recebe logo a indagação: será que Lula faria assim?

Acontece que Lula não pode mais fazer, pode no máximo orientar e sugerir e nem sempre as sugestões do criador batem com as da criatura como no caso Mantega por exemplo.

Assim Dilma governa com uma espada pendurada sobre sua cabeça e, pior do que isso, não conta com sua legenda. A legenda é e continua de Lula, que manobra os políticos petistas à sua maneira, o que acaba gerando crises como a do plebiscito, quando membros do próprio PT foram contra a ideia da presidente.

Sombra é ruim.

Arroz

O típico arroz de festa o nosso ex-prefeito Luciano Agra. Ele está em todas as convenções, como por exemplo, a do PMDB realizada domingo, sempre distribuindo simpatia e dispostos a descer a lenha em Ricardo.

Se por um lado sua presença o mantém na mídia, por outro distrai de sua principal função que é procurar aliados para seu projeto político.

No PMDB da Paraíba – uma caixa de marimbondos – é que ele não vai encontrar esses aliados, pois o clima dentro do partido é de vaca desconhecer bezerro.

Mas como a Constituição garante o direito de ir e vir, Agra vem e vai.

Tratamento

Se você adoecer, procure qualquer outro hospital menos o da Unimed. Nem leitos existem mais para a urgência. O usuário fica numa cadeira sob um clima escaldante e misturado com todas as infecções imagináveis do planeta. Um caos.

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