A esquerda de quem?

Marcos Tavares

O termo “de esquerda” surgiu durante a convocação da Assembleia Constituinte da França no ano de 1789 quando os radicais sentavam-se à esquerda do presidente e os mais moderados à direita. Daí ser de esquerda tornou-se um sinônimo de protestador, de contestador, de quem não estava satisfeito com a ordem estabelecida. Com o advento do comunismo na Rússia foi dado aos vermelhos o epíteto de esquerda e assim ela entrou para a história como sinônimo de rebeldia, de luta e principalmente de defesa das classes mais pobres contra o que era chamado burguesia e que o filólogo Lula nominou de elites.

Só que ninguém sabe mais onde fica a esquerda. Maluf é de esquerda? Teoricamente ao menos não. Mas posou abraçado com Lula e foi louvado pelo PT que se dizia o lídimo representante das esquerdas nacionais. Sarney é esquerda? É uma afirmativa duvidável, mas foi ele o primeiro presidente após o golpe de sessenta e quatro e entrará na história como o restaurador das liberdades nessa santa terra da Vera Cruz. Jefferson é de direita? Pode até ser, mas foi um grito seu que começou a fazer desabar a esquerda nacional encastelada no poder com os rumores – depois certezas – do mensalão.

Assim não existe bússola para a esquerda nem para a direita se nossa presidente – ela mesma uma legítima representante da esquerda – pactua com o que existe de mais pútrido na política nacional para continuar governando. Ninguém sabe mais onde fica a esquerda nem mesmo onde e qual é essa direção. Ela muda ao sabor dos ventos históricos e das conveniências políticas, e não estranhem se algum dia descobrirem que o ideólogo do comunismo, o filósofo Karl Marx, era de direita com carteirinha e tudo. E por cima simpatizante do CCC.

Enterro
Publicamente foram os partidos de oposição que enterraram sem velas a proposta de plebiscito vinda de dona Dilma – a búlgara. Na realidade, muita gente boa do PT abraçou essa ideia e lutou para que nada acontecesse antes das próximas eleições. É que antes de petistas eles são parlamentares e sabiam – como sabem – que uma reforma iria mexer e até prejudicar seu retorno à Câmara ou Senado.
Assim preferiram ouvir o próprio coração a dar ouvidos às recomendações de Dilma, que queria um bloco coeso em torno de sua pretensão.
Na hora da farinha pouca, meu pirão primeiro.


Privatizando

Começa a surgir – muito reservadamente – a certeza de que o governo do Estado quer privatizar as rodoviárias de Campina Grande e João Pessoa.
Privatizar pode até significar melhores serviços, mas com certeza vai trazer custos mais altos.
Para quem está acostumado às benesses oficiais, ver uma porta se fechando é motivo para ira e o assunto ganhou destaque nas manifestações da quinta-feira.
O governo não diz nada.
Urgência

Hospital Universitário à beira de cancelar todas as cirurgias programadas por falta de material.
Justamente na hora em que o povo grita por saúde.
Troca-troca
Mudados os comandantes de quartéis e os delegados de Polícia Civil que exerciam cargos de comando.
Segundo o governo, um ato de rotina. Segundo as más línguas, uma tentativa de ver mais ação policial.

Na marra
Sindicalistas da Cagepa querem que todos os funcionários entrem na sua greve, mesmo na marra.
Protegido pelas garantias sindicais, eles jogam o restante dos seus colegas às feras.

Voando
Campina vai mesmo instalar uma montadora de aviões.
Para quem fazia Smith And Wesson original isso é pinto.

Sigilo
Por acaso, as autoridades da informação do Brasil acham que os americanos ainda não sabem o que queriam saber sobre o pré-sal?
Santa ingenuidade.

Divino
A tal Igreja Mundial do Poder de Deus está vendendo um seguro chamado ‘100% Jesus’ que garante vaga nesta e na outra vida.
Se não existir inferno, tem de ser inventado para meter esse povo nele.
Frases…

Invento – Uma das maiores invenções dos hindus foi a fila indiana.
Sobreviventes – Os gays escaparam do dilúvio. Devia ter um casal deles escondido no armário da Arca.
Relação – Os casais começam “ficando”. E acabam saindo…