Senador Vital Filho quer urgência na tramitação da PEC do voto aberto no Congresso Nacional

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Depois que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado decidiu aprovar, ontem, a Proposta de Emenda à Constituição eliminando o voto secreto em todas as votações do Congresso Nacional, o senador paraibano Vital do Rego (PMDB), presidente da CCJ, disse que vai propor aos líderes partidários da Casa que seja aprovado pedido para acelerar a tramitação da matéria, de forma a possibilitar sua votação em plenário o quanto antes. A proposta é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e teve parecer favorável do relator, senador Sérgio Souza (PMDB-PR), que defendeu a quebra de “interstícios” para abreviar os dois turnos da votação em plenário. Ao contrário do texto apreciado na semana passada na Câmara, que se restringia à cassação de mandatos, os senadores se manifestaram em prol do voto aberto para todos os casos em que há sigilo.

Assim sendo, a sociedade ficará informada sobre como os parlamentares votaram não apenas em processos de perda de mandato de deputado federal ou senador, como, também, em votação de impeachment de presidentes da República. A apreciação de vetos presidenciais também passa a ocorrer mediante voto público, bem como a indicação de autoridade feita pelo presidente da República e a escolha de magistrados e de Procurador-Geral da República. Até a sacramentação de chefes de missão diplomática em caráter permanente obedecerá ao crivo estipulado. Vital lembrou que o rito de tramitação normal da PEC respeita cinco sessões legislativas de discussão e, depois, um tempo (interstício) entre a votação do primeiro e do segundo turno. “Somente os líderes poderão quebrar esse prazo”, adiantou.

O parlamentar peemedebista paraibano lembrou que a presidente Dilma Rousseff propôs que o debate sobre o fim do voto secreto integrasse o conjunto de propostas do plebiscito sobre reforma política e que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados também aprovou uma PEC nesse sentido, mas observa que o Senado se fez mais ousado na questão. Um outro político representante do nosso Estado, o deputado federal Ruy Carneiro, do PSDB, que tem se batido pelo voto aberto desde sua atuação como vereador em João Pessoa e deputado estadual, advertiu ser importante que os parlamentares prestem contas dos seus mandatos, ponderando que a partir do momento em que a votação é secreta, o eleitor não tem como avaliar isso na sua plenitude.

– É preciso ter em conta que a população está cada vez mais atenta aos trabalhos dos parlamentares. Engana-se o político que acha que a população da cidade mais longínqua do Estado não observa ou acompanha o seu comportamento. A participação popular é muito maior do que se imagina. O povo está mais esclarecido, e com a chegada das redes sociais, isso passa a ser um processo bem mais rápido de acontecer – enfatizou Ruy Carneiro. Sobre a proposta de reforma política, sugeriu que o Congresso Nacional faça um rápido calendário, fatiando-a por temas. Ele insiste em que se faça a reforma com prioridade e, na seqüência, ocorra o referendo para indagar se a sociedade concorda ou não com as mudanças. O deputado destacou a importância das manifestações que têm se verificado em todo o país. “O movimento que o Brasil está vivendo tem sido bastante importante, porque vai possibilitar o chamado freio de arrumação”, frisou.

Ruy Carneiro lembrou, por fim, que o voto secreto foi criado na época da ditadura militar a pretexto de resguardar a imunidade dos pronunciamentos e dos votos emitidos pelos parlamentares. “Aquele período, como sabemos, foi pontuado por torturas, perseguições e desaparecimentos de ativistas que discordavam do regime arbitrário”, destacou ele, sendo apoiado pelo deputado federal Leonardo Gadelha, do PSC, também integrante da bancada paraibana na Câmara.

Repórter PB