A quem serve o plebiscito?

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Marcos Tavares

Plebiscito é um conto adorável de Artur Azevedo que versa justamente sobre um pai que não sabe responder ao filho o que é plebiscito. Hoje somos todos filhos desse mesmo pai, a perguntar nas esquinas e nos becos o que diabo é esse plebiscito que ninguém pediu nas ruas e que dona Dilma – a búlgara – nos enfia goela abaixo como uma lição de casa complicada. Eu não sei o que vai ser perguntado nesse plebiscito, o que absolutamente não me angustia, pois não sabem os próceres da política nacional, nossos pensadores e sociólogos nem mesmo a nossa inefável presidente, que tirou da cartola esse coelho mágico com que ela pretende tirar o povo das ruas.

O plebiscito, por exemplo, vai perguntar nossa opinião sobre a maioridade penal? Vai nos inquirir sobre a forma de representatividade que queremos ter seja ela distrital, tribal ou monárquica? O plebiscito vai fazer a loucura de nos perguntar se temos ideia para onde vão nossos impostos, escorchantes e em que eles resultam? O plebiscito vai nos questionar sobre a validade de fazer estádios e deixar de construir hospitais, de fazer a transposição de águas ou coisas assim? Tenho cá minhas dúvidas. Esse plebiscito deve nos perguntar coisas amenas como um programa de auditório cujas respostas não ofendam nossa paupérrimaa elite do PT. Paupérrima ao menos em compostura.

Dito isso, pergunto como pode o plebiscito mudar radicalmente esse país. Depois dele vamos ter médicos realmente dando expediente nos hospitais? E esses hospitais terão leitos, equipamentos modernos ou mesmo uma singela gaze? Esse plebiscito vai fazer com que os planos de saúde não nos tratem como um rebanho de condenados a quem tudo é vetado? Continuo com minhas dúvidas, o que, na minha não solicitada e apequenada ótica, torna esse plebiscito mais inútil do que reunião de condomínio, onde todos falam e um manda. Sendo assim, vou me abster de responder qualquer pergunta para que depois não caia sobre minha pesada consciência mais um grave pecado.

Colcha de retalhos

Ninguém se impressione com a troca de sorrisos de Renan e Temer quando o pedido do plebiscito foi protocolado no Senado. Senadores e deputados vão destrinchar, acrescer, cortar, mutilar e reformar completamente as intenções palacianas dessa consulta, pois no Brasil quem corta na carne é barbeiro.

Jamais deputados e senadores irão formular perguntas cujas respostas atentem contra a sua boa vida ou tentam moralizar o que é imoral. A consulta sairá diferente do Senado e vai ser mais modificada na Câmara até porque entre os políticos existe a certeza de que o alvo principal dos manifestantes foi e continuará sendo Dilma e seu PT.

Tiro no pé

Dona Dilma corre um risco enorme de atirar no pé com essa sua intenção de plebiscito. Algumas vozes – inclusive os socialistas – já se alevantam pedindo o fim da reeleição e a volta de um mandato ampliado de seis anos.

Isso seria fatal para nossa gestora, que depois de seis anos afastada do poder não ganharia nem eleição de síndico. Já para o companheiro Lula seria o plano ideal, pois ele com sua bolsa – e sua gangue – voltariam como o salvador dessa pátria.

Até o próximo escândalo financeiro.

Embaixadores

Mais que depressa o governo encontra uma explicação para a gafe cometida com Júnior e afirma que tanto ele como Hulk são embaixadores da Paraíba.

Ainda bem que o cargo não é remunerado, ou quebraria o Estado.

Vagas

Está desempregado? Existem várias vagas no secretariado municipal de Cabedelo.

Ninguém esquenta o lugar e parece que a coisa anda mal pelos lados do porto.

Rolando

Dificilmente, muito dificilmente, o Congresso votará qualquer medida que venha a ser aplicada nas próximas eleições.

Eles devem rolar a bola para 2016 ou mais distante ainda.

Faz escuro

A queda das tarifas de energia na Paraíba ficou só no papel e nas manchetes dos noticiários. Até agora nada de efetivo foi feito para queda dos tributos estaduais que irão permitir desonerar o preço da energia no Estado.

Faz escuro II

Muito discurso e muita promessa e de real apenas a nomeação de Hulk como embaixador. Há quem confie na falta de memória do povo e vote nisso como um dado para a continuidade.

Baixar ônibus não afeta o cofre estadual, dói nos empresários, mas cortar tributos dói no próprio bolso e por isso a providência vem sendo adiada.

Não sabe

O que me contenta em não saber para que vem o plebiscito são palavras como as do ministro Gilmar Mendes, que diz não ver nenhuma necessidade nem vantagem nesse referendum.

Concordo em gênero, número e grau.

Frases…

Procriando – O pai da menina grávida não acha seu estado nada interessante.

Contando – Uma boa versão é melhor do que um fato medíocre.

Rezando – Políticos católicos recebem um terço. Para os evangélicos é ilimitado.