Marcos Tavares
Quando a esperança morre, em seu lugar surge o desespero, e é o desespero que leva milhares de brasileiros às ruas, sem líderes, sem programas e principalmente sem um rumo definido. Esse país sempre foi movido a esperanças. Depois de mais de vinte anos de uma ditadura cruel, tivemos de engolir Sarney, o enjaquetado presidente que nos levou aos píncaros da inflação. Surgiu com Collor – o caçador de marajás – a primeira esperança. Jovem, carismático, mostrou-se um fracasso e acabou banido da presidência por uma onda de protestos contra a roubalheira.
Surgiu então Lula, o apóstolo da moralidade, o torneiro mecânico que desafiara a ditadura, um fruto silvestre do povo que com seu PT prometia um Brasil melhor. Foi um redundante fracasso. O PT passou de moralizador a um partido que mais prevaricou com a coisa pública, trouxe o mensalão e um rol de escândalos de arrepiar o mais corrupto dos políticos. Foi o fim da esperança, a certeza de que o poder nivelava por baixo gregos e troianos, operários e patrões.
É esse Brasil desesperançado que está nas ruas e grita contra tudo, contra o arrocho tributário, a ausência do Estado em pontos vitais como saúde, educação e segurança, grita contra o ouvido mouco dos políticos, contra gastos excessivos em coisas desnecessárias e grita contra seus gestores. E povo desesperançado é muito perigoso, facilmente arrebanhado por oportunistas ou desviado por um demagogo. É preciso não perder o foco, ou toda essa gritaria terá sido em vão como foram tantas outras que a história desse país registra.
Contramão
Justamente quando o povo vai às ruas, grita contra os gastos em estádios suntuosos, o nosso governador Ricardo Coutinho autoriza as obras de reforma do “Zezão”, que vem a ser o estádio da próspera cidade de Itaporanga, sertão da Paraíba.
Será que Itaporanga está bem suprida de açudes, hospitais, escolas, centros comunitários e outros equipamentos para que precisar tão urgentemente de um estádio maior?
O esporte bretão é assim tão popular em Itaporanga que torne válida essa despesa numa cidade onde falta muita coisa?
São perguntas pertinentes…
Bondades
Energia mais barata, passagens municipais e intermunicipais mais baratas, o povo sendo recebido com todas as honras do cerimonial.
Alguma coisa mudou e mudou muito na Paraíba aonde as decisões vinham de cima pra baixo com a força de uma cachoeira.
Mas, como diz Ataulfo em seu samba imortal “tanta bondade faz a gente desconfiar”.
E o desconfiado morreu de velho.
Dúvida
Não estou acreditando. Decidir entre o mau humor de Dilma e a cara de Madre Tereza de Marina vai ser uma tarefa difícil.
Vou cravar nulo.
Culpa
Prefeitura e Estado se acusam mutuamente pelas lamentáveis cenas de pugilato no encerramento do São João na capital.
A polícia diz que tinha gente demais. A prefeitura diz que tinha polícia de menos.
Vítima
A vereadora Raissa Lacerda quer mais tempo para integração entre coletivos de linhas diferentes.
Pelo andar da carruagem, as empresas de transporte arcarão com todo o ônus da patifaria nacional.
Bolsa Família
Audiência, entre outras vantagens tais como café grátis, gera empregos familiares.
A denúncia vem da Câmara Municipal da cidade de Bayeux.
Brilhante
O doutor Waldson Sousa, secretário da Saúde do Estado, chegou à brilhante conclusão de que só se faz saúde com dinheiro.
Um achado indiscutível.
Seleção
Um técnico faz falta e diferença numa seleção.
Basta ver a distância entre Mano Menezes e Felipão.
Frases…
Finalizando – É melhor um final triste do que uma tristeza sem final.
E.T. – Alma de outro mundo deve ser de marciano. As outras são daqui mesmo.
Rebelião – Um dia as máquinas se revoltarão contra os homens. Meu computador já faz isso.