Da vida e da morte

Marcos Tavares

Exatamente no dia vinte e três de junho do ano passado, o Blog de Anco Márcio registrava: “Tive um AVC, mas com a ajuda dos meus filhos estou tentando manter o blog atualizado. Estou sendo medicado e brevemente voltarei ao batente…” Não voltou. Outro AVC mais grave no mesmo dia tirou a quase totalidade dos seus movimentos e nesse ano de doença sua situação só fez agravar-se chegando a perder funções primárias como a de deglutir. Sobre uma cama, entubado, viveu seus últimos meses entre momentos de lucidez e a total ausência do mundo. Sexta-feira passada seu coração parou e a falência múltipla dos órgãos o levou.

Jornalista por vocação, ator de teatro, humorista teve uma vida cheia de atividade até ser atingido pela doença. Trabalhou em quase todos os veículos de comunicação da cidade e manteve em O Norte uma coluna “Romance da Cidade”, onde abordava o humano e o policial com sensibilidade. Colaborou com o extinto Pasquim e com programas da Globo. Tem publicado um livro de poemas “Canto Chão” e um de humor “Sossega que o Leão é Manso”, este pela editora Pasquim. Foi diretor técnico da A União e, aposentado das funções estaduais, dedicou-se ao seu blog, onde expunha seu humor cáustico.

Fez amigos e inimigos pela vida. Travou uma batalha sem tréguas contra uma depressão e o álcool, boêmio que foi na juventude. Seu humor às vezes incomodava e essa foi uma marca de sua vida jornalística. Homem sensível, era muito ligado aos filhos Débora e David e ao único neto. Pouco afeito à vida social, viveu seus últimos anos quase recluso na sua casa antenado pela internet com o mundo. Fez parte de uma geração que desbravou e modificou a maneira de se fazer jornalismo e deu sua contribuição importante ao teatro paraibano. Que descanse em paz.


Representantes

Uma coisa fica clara no meio de toda essa agitação popular, passeatas e protestos. O povo brasileiro não se sente representado nem pelos seus políticos nem pelos seus partidos.
E, assim sendo, resolveu ir às ruas levar seus recados e reclamos diretamente aos seus gestores.
Pode até não ser um recado bem educado, mas é a voz das ruas, o ressentimento de cada um e principalmente a descrença e desesperança em quem deveria falar por ele e cala.
E quando o povo vai às ruas, recomenda a prudência que ele seja ouvido antes que aumente o tom da voz.
História
Na França, o povo foi às ruas ordeira e pacificamente protestar contra a falta de pão.
Um pequeno grupo de baderneiros resolveu atacar e tomar a fortaleza da Bastilha símbolo armado do império.
Deu no que deu. Rei e Rainha perderam a cabeça e o sangue jorrou generosamente em Paris, até que povo retornasse a casa e parasse essa sangria.
E depois dela veio Bonaparte, que ensanguentou a Europa.
Silencioso
O companheiro Lula está e permanece silencioso.
Ele não acha nada, nem sequer foi perguntado sobre sua visão desse movimento que é em parte culpa de sua gestão.


Inviabilizada

A PEC 37 está totalmente inviabilizada. Qual o deputado ou senador que tem coragem para abrir outra vez essa ferida?
O passe livre para a corrupção deve ser negado aos nossos políticos e gestores.

Polícia
Falta uma voz para começar a clamar pela PEC 300 que aumenta substancialmente o salário dos policiais.
Numa hora dessa, nenhum governador terá coragem para deixar sua polícia mal satisfeita. É quem ainda mantém o Estado funcionando.

Proteção
E ainda no tema polícia existe uma pergunta que não cala. A polícia consegue proteger estádios onde se realizam os jogos da Copa das Confederações.
Mas não consegue proteger nem o Itamaraty nem os aeroportos, áreas de segurança nacional.

Final
Como partido político, o PT sai seriamente machucado nessa onda de protestos.
Essa brincadeira de eleger postes acabou. Acabou mesmo!

Obrigado
Agradeço a todos os amigos e colegas, jornalistas ou não, o apoio e a demonstração de amizade no falecimento do meu irmão Anco Márcio.
A família sensibilizou-se com a solidariedade recebida ao seu ente querido e agradece todas as formas de orações.
Frases…

Romance – A gente namora por amor, casa por necessidade e vive por conveniência.
Despedaçado – Ninguém morre inteiro. A cada ente querido que se vai um pedaço nosso vai junto.
Dor – A dor da gente não sai no jornal.