O que rola no Face

fotoRubens Nóbrega

Minha interatividade online alcançou, no máximo, o twitter. Não tenho Facebook. Não faço parte dos 65 milhões que fazem do Brasil o vice-campeão nessa rede que já supera um bilhão de usuários em todo o mundo.

Estou dizendo isso para dizer que fui um dos pegos de surpresa com a onda de protestos contra quase tudo e todos que sacode o país. Dizem-me que as manifestações saíram do facebook para as ruas. Como não estava em nenhum dos dois…

Se estivesse, estaria mais por dentro da revolta de um terço da população brasileira diante de uma carga tributária do tamanho da ruindade dos serviços públicos em geral e da educação, saúde e transporte em particular.

Pra minha sorte, ainda tenho amigos com os quais me comunico através de i-meio (“que quase ninguém usa mais, Painho”, garante-me Ila, minha caçula) e conto com a minha mulher, Madriana, para saber o que rola no Face.

Somando as conectividades alheias com algumas inserções no Twitter dou-me por seguro o suficiente para sugerir aos nossos dirigentes e parlamentares que entrem no Face e dele participem sinceramente, com seus perfis verdadeiros.

Digo assim porque a comunicação virtual encontrou no Face o seu lócus mais abrangente e produtivo, abrindo os caminhos para as novas formas de participação e decisão da sua fantástica comunidade de seguidores.

Ouso até lançar mão de uma velha e batida analogia, clicheria da melhor qualidade, para significar que essa incrível ‘rede social’ consolidou-se como a mais moderna, mais participativa e mais decisiva ágora do tempo presente.

Daí por que as Dilmas, Ricardos e Lucianos, se não tiverem coragem de interagir com os seus governados pelo menos através do Face, não podem mais ignorá-lo. Muito menos deixar de pelo menos uma vez por dia dar uma olhada ou procurar saber “o que rola no Face”.


Democracia em rede

Ainda bem que gente muito boa feito o Professor Chico Feitosa, meu cunhado, cuida de me manter informado acerca de coisas que rolam no Brasil das quais não tomo conhecimento de imediato ou não percebo como ele percebe, lá de fora, com seu olhar de cidadão do mundo.
Morador de Bruxelas há mais de 15 anos, depois de ter vivido tempo igual em França, Grécia e Itália, Chico acompanha entre preocupado e maravilhado o que rola no Brasil de hoje. E uma das coisas que o maravilhou ultimamente foi, justamente, o diálogo em rede mantido entre o governo gaúcho e os manifestantes que ganharam as ruas das principais cidades do Rio Grande do Sul.
Esse momento democracia direta aconteceu na quinta-feira (20), quando o governador Tarso Genro (PT) debateu em Porto Alegre, presencial e virtualmente, o que move os protestos. Sua Excelência teve como interlocutores “manifestantes, jornalistas e ativistas digitais”, conforme definiu o próprio Gabinete Digital da gestão petista.

 

A pauta do diálogo
“Críticas ao sistema de representação democrática e à mídia e exigências de reformas estruturais juntaram-se aos relatos de violência policial nas últimas manifestações e por pedidos de respostas sobre a atuação da Brigada Militar”, informa o GD, ao resumir o temário daquela interlocução.
“O aparato policial foi criado para reprimir a cidadania. Nós estamos constituindo uma nova educação, uma nova formação, mas isso não muda de um dia para o outro”, disse o governador na audiência, transmitida ao vivo pelo Gabinete Digital (gabinetedigital.rs.gov.br/post/tarso-e-manifestantes-protagonizam-dialogo-inedito-nas-redes/).
O diálogo obteve nada menos que 500 mil acessos, sendo transmitido ainda pela página do próprio governo, canais de televisão, diversos sítios e blogs. Uma experiência que a gente bem poderia copiar e realizar por aqui, concordam?
Que tal, governador Ricardo Coutinho? E aí, prefeitos Luciano Cartaxo, Romero Rodrigues, Zenóbio Toscano… Topam? Se toparem, como diria o poeta Cleiton, vai ser ‘trilegal’.

 

Marinho X PEC 37
Do Doutor Marinho Mendes, atuante, vigilante e militante Promotor de Justiça – de muitas outras boas causas – sobre a PEC 37, aquela que pretende inibir o poder de investigação do Ministério Público e, por essa razão, é chamada por seus críticos de PEC da Impunidade e da Corrupção:
– Relembremos aos “amigos da impunidade”, aqueles que defendem o monopólio da investigação criminal. Eles desconhecem que Ministério Público é um órgão controlador por excelência, fora da tripartição dos poderes, diferentemente dos delegados, subordinados e submissos aos governadores, submetidos aos caprichos de muitos deles, que, por deterem as chaves dos cofres e das prisões, são os que mais precisam de controle. Imaginem esse controle ser subordinado a eles mesmos. Por isto, os Tribunais de Contas e o Ministério Público ficaram fora dessa tripartição.