No balanço da rede

Marcos Tavares

Kubrick previu que em 2001 estaríamos numa odisseia pelo espaço. Errou. O máximo que conseguimos foi dar uns saltinhos na lua e o espaço sideral para nós ainda é um mistério insondável. O que ele não previu e aconteceu foi o poder da Internet, as redes sociais que chegaram para alterar costumes, mudar posturas e até mesmo influir na política de países.

A rede mostra-se agora a ferramenta ideal para juntar gente nas ruas e atormentar o sonho sucessório de Dilma, a mesma rede que tornou público o massacre na Síria e obrigou os irmãos Castro a abrir sua caixa-preta.

Marca-se passeata pela rede, comodamente no aconchego de sua casa. Reúnem-se milhares de pessoas com o poder mágico da palavra escrita, porque nunca foi usado o telefone para se marcar distúrbios e eles já estavam disponíveis há décadas. Há um quê de cumplicidade e de suspeição sobre as redes que tornam sua convocação mais atraente, seu apelo mais imediato e sua resposta pronta. Casa-se pela rede, ama-se pela rede, mata-se e rouba-se pela rede.

O mundo não estava preparado para essa mudança, como nunca está para os grandes acontecimentos, como a crise do petróleo o ou o fim da União Soviética. São coisas que escapam às análises mais apuradas e que somente na ficção são sonhadas. Não fomos ao espaço nem um grande computador nos dominou, mas o pequeno e portátil computador doméstico mostra que em poucos dias vira um país de ponta cabeça e passa ao largo de toda espionagem e segurança governamental.


Temor
Há um temor na esfera governamental sobre a manifestação popular marcada para hoje. Não é o preço dos coletivos onde o prefeito habilmente recuou. É o veto à proposta dos deputados que aumenta o nível do reajuste aos servidores.
Bem orquestrado pela oposição, esse poderá ser o tema dominante da caminhada e causar um desgaste da imagem pública do governador já conhecido pela sua avareza no trato das questões salariais do Estado.
Não é boa tática irritar o povo, pois ele é capaz de passar os limites e isso vem acontecendo em várias dessas manifestações realizadas Brasil afora.
Tontos
O súbito despertar do povo brasileiro, que acorda do seu berço esplêndido, tem deixado tontos analistas políticos e até calejados políticos profissionais.
De repente, não mais que de repente, o povo notou que nossos gestores e agentes políticos navegam noutra realidade que não a nossa.
Até a veneranda presidente dona Dilma correu para tomar informações junto ao seu guru, Lula, sobre o que teria despertado assim tão repentinamente esse Brasil.


Sustentação

A rede de Sustentabilidade pretendida por Marina Silva continua balançando no vácuo.
Para o Planalto é fundamental que Marina não crie seu partido e principalmente que não lhe dê asas.
Tarifas
Essa súbita diminuição das tarifas deixa duas coisas patentes: primeiro que Cartaxo quer ficar fora desse vendaval popular.
Segundo é que havia margem de negociação, tanto que ela foi feita em apenas um dia.

Ajuntando
Rômulo Gouveia continua ajuntando partidos e siglas ao seu projeto de chegar ao senado.
Falta ele levar essa mensagem ao povo, que é quem decide.

Curando
É inconcebível que a Comissão de Direitos Humanos aprove a tal da cura gay, patrocinada por Marcos Feliciano.
Homossexualismo não é doença. Portanto não existe cura.

Pau de Arara
Querem raspar o FPE da Paraíba e de outros estados pequenos em detrimento dos mais desenvolvidos.
O senador Cássio Cunha Lima foi contundente ao discutir a matéria.

Bandeiras
Onde estão aquelas bandeiras vermelhas que pontuavam sobranceiras em todas as manifestações de rua?
Estão guardadas, dobradas e guardadas. O que era estilingue vira vidraça.
Frases…

Universo – Achar vida inteligente por aqui já era um bom começo.
Felizes – A felicidade aproxima do céu, mas a necessidade aproxima de Deus.
Mudanças – Se não puder mudar o mundo, mude sua vida.