De Centavos a Bilhões !

fotoBruno Filho

Vinte centavos por condução no final do dia soma 40 centavos, cinco dias por semana soma 2 reais, em 4 semanas chegaremos a 8 reais e se formos mais pragmáticos poderemos atingir 10 reais. Não é absolutamente esse valor que está provocando qualquer que seja o protesto em qualquer que seja o local do Brasil. Esse protesto que começou em São Paulo não versa sobre condução cara ou barata.

Esqueçam aqueles que acham que diminuindo o valor, ou então tornando a condução gratuita, conseguirão resolver este problema, que ainda é considerado pequeno, mas que pode ganhar proporções enormes e gigantescas até o dia 12 de junho de 2014, marcado para a abertura da Copa do Mundo no Brasil, especificamente no bairro de Itaquera, Zona Leste da cidade de São Paulo.

Alguém em sã consciência conhece Itaquera de verdade ? imagino que a maioria não conheça. Itaquera até pouco tempo atrás era um subúrbio de São Paulo, sem a mínima estrutura para se viver, que melhorou um pouco com o advento do metro, coisa de 30 anos passados. Mas não melhorou muito, é vizinha de Guaianazes, São Matheus e de outros bairros pobres que não estão acostumados com Estádios de futebol de 1 bilhão de reais.

Então voce me pergunta: o quê tem isso a ver com protesto sobre condução ?…eu respondo: tudo. O povo está protestando porque cansou, e quando o povo cansa, ele cansa de verdade. Temos grandes exemplos na nossa história de fatos que começaram do nada e ganharam vultuosa proporção, lembrando que estamos ainda vivendo o “evento teste” da Copa das Confederações.

O povo é teoricamente dividido em 3 categorias diferentes, temos quem o divida em mais de 3, mas vou ficar com a classe alta que não está nem aí se os Estádios foram super-faturados, que o dinheiro que deveria ser usado na saúde, educação, moradia e segurança foi usado em arquibancadas de cimento recheadas de cadeiras compradas ilicitamente, coberturas com grandes lonas, iluminação, gramado e instalação para Vips de primeiro mundo.

A classe baixa também não está preocupada, pois a Copa não lhes tirou nenhum tipo de “Bolsa”, seja ela família, gás, ou qualquer outra. Enquanto forem ao banco e lá estiver depositado o “cala-boca”, tudo bem. Na verdade melhorou a vida de milhões de pessoas, tirou-os da extrema pobreza, deu-lhes TV de LCD, alguns outros eletro-domésticos, celulares e a possibilidade de fazer um churrasco no final-de-semana, mas não lhes deu subsídios para crescer à base de produção.

Agora…a classe média, seja ela baixa ou alta esta sim está sentindo. Ela que paga impostos, ela que paga planos de saúde pois não quer depender do SUS, ela financia apartamentos e casas, sonho de consumo, ela que troca de carro anualmente para não ficar para trás, enfim ela que se endivida e se preocupa com o dinheiro público sendo jorrado pelas intermináveis torneiras que não se fecham.

A preocupação está exatamente no fato de que os nossos estudantes politizados, que há 40 anos não tinham o mínimo de comunicação possuem as temíveis e necessárias redes sociais. Naquele tempo se combinava algo pelo telefone fixo, quem sabe até por telegrama e carta. Hoje em menos de um segundo o que voce quer dizer já chegou por escrito e com todos os 140 caracteres na casa de seu parceiro…

Não brinquem com as redes sociais, por ela se pode fazer muito e em pouco tempo. Não pensem que 20 centavos é motivo para discórdia, agora 22 bilhões sim, um grande motivo para grandes confusões. A verdade é que o povo nunca esperava que os Estádios ficariam prontos e que a Copa iria realmente chegar batendo em nossas portas, mas ela chegou.

Salvo os “Pachecos” que consideram que tudo o que gira em torno da bola é maravilhoso, existem milhões, a maioria esmagadora, que não passará nem perto dos palcos das partidas, e é com estas pessoas, aliás brasileiros, que devemos nos preocupar, pois aquilo que na verdade parece um caso apenas passageiro poderá se tornar um grande problema, ainda mais que o ano que vem é ano de urnas, e as urnas poderão responder.

Que a bola não possa mais uma vez ser a responsável por colocar venda nos olhos de ninguém, estamos cansados de “90 milhões em ação”, até porque hoje somos 200 milhões e ainda por cima todos equipados com celulares, redes sociais,informação segundo a segundo e não mais dependemos de “orelhões” que aliás faleceram e nem foram sepultados.

Aonde isso vai parar ?