Campos é vítima de espionagem

Coletiva com Eduardo Campos sobre o processo eleitoral

A revista “Veja” informa em sua edição deste fim de semana, com chamada de capa, que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), provável candidato a presidente da República em 2014, foi alvo de espionagem por quatro agentes da Abin, o serviço secreto do governo federal, que estavam disfarçados de portuários e tinham a missão de bisbilhotar a vida do neto do ex-governador Miguel Arraes, “considerado pelo PT um estorvo à reeleição de Dilma pela capacidade de dividir com ela os votos dos eleitores do Nordeste, região que foi fundamental para assegurar a vitória da presidente em 2010”.

De acordo com a matéria, assinada por Hugo Marques e Rodrigo Rangel, o Porto de Suape, no Recife, carro-chefe do processo de industrialização de Pernambuco, teria servido de arena para o até agora mais arrojado movimento envolvendo a disputa pré-eleitoral. No dia 11 de abril, a Polícia Militar de Pernambuco deteve quatro espiões da Agência Brasileira de Informações, que fingiam trabalhar no local, mas há semanas se dedicavam a colher informações que pudessem ser usadas contra Campos. A Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco já monitorava os agentes travestidos de portuários fazia algum tempo. “Disfarçados, eles estavam no estacionamento do porto quando foram abordados por seguranças. Apresentaram documentos de identidade falsos e se disseram operários. Acionada logo depois, a PM entrou em cena. Diante dos policiais, os espiões admitiram que eram agentes da Abin, que estavam cumprindo uma missão sigilosa e pediram que não fossem feitos regist ros oficiais de detenção. O incidente foi documentado em um relatório de uma página, numa folha de papel sem timbre, arquivada no Gabinete Militar do governador. Contrariado com a espionagem, Campos ligou para o chefe o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general José Elito Siqueira, a quem o serviço secreto do governo está subordinado”, relata a revista.

Em uma reunião com aliados do PPS, o governador teria contado que o general garantiu que não havia espionagem de cunho político, ou de viés eleitoral, mas apenas um trabalho rotineiro. “Nós fazemos monitoramento de cenários para a presidenta”, ponderou o chefe do GSI. Apesar da gravidade do incidente, o caso foi dado como encerrado pelos dois lados. Poucas pessoas, conforme “Veja”, souberam da história. A elas, Campos explicou que não queria tornar público o episódio para não “atritar” ainda mais a relação com o Palácio do Planalto nem causar um rompimento entre as partes. Mas houve desdobramentos. “Tive que prender quatro agentes da Abin que estavam me monitorando”, revelou Eduardo, desabafando: “Isso é coisa de quem não gosta de democracia, é coisa de governo policialesco”. Pediu aos aliados que o assunto fosse mantido em segredo. “Não tenho nada a dizer sobre isso”, desculpou-se o deputado Roberto Freire, que estava presente à reunião. Os agentes d etidos no Porto de Suape trabalham na superintendência da Abin em Pernambuco e foram identificados como Mário Ricardo Dias de Santana, Nilton de Oliveira Cunha Júnior, Renato Carvalho Raposo de Melo e Edmilson Monteiro da Silva. Este tem dupla jornada de trabalho. Além de espião, é vereador eleito pelo PV no município de Jaboatão dos Guararapes. Ele revelou que foi ao Porto de Suape algumas vezes para visitar amigos e que nunca foi detido ou preso nem usou documentos falsos. O Porto de Suape foi alvo de clima de agitação sindical em meio à votação da MP dos Portos no Congresso. Na época, Dilma e Campos estavam em lados opostos na discussão sobre a MP. Campos fazia ressalvas públicas ao texto e recebia em audiência setores do sindicalismo que também eram contrários a posições defendidas pelo Planalto. Antes da matéria da “Veja”, o jornal “O Estado de São Paulo” havia publicado reportagem, referindo-se a uma operação montada pelo GSI e Abin para acompa nhar a movimentação sindical no Porto de Suape. A assessoria da presidente afirmou que Dilma não foi informada nem da missão portuária dos espiões nem das prisões que se sucederam.

Do Blog com RepórterPB