Rômulo Polari critica debate político na Paraíba

foto1

O economista Rômulo Soares Polari, ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba, critica o debate político entre postulantes ao governo, por avaliar que ele deixa de contemplar os grandes problemas socioeconômicos locais. Em artigo para o semanário “Contraponto”, dirigido pelo jornalista João Manoel de Carvalho, Polari afirma não ser mais admissível ver nos Estados vizinhos (Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte), o crescente progresso econômico que tanto falta à Paraíba. Ele se recusa a acreditar que os paraibanos “jogaram a toalha”. E explica: “Somos um Estado economicamente viável, sim senhor! Temos que reagir, pensando grande na busca de um patamar de desenvolvimento que assegure aos paraibanos elevados padrões de condições de vida”.

Na sua avaliação, de 2003 para cá, o Brasil acumulou muito progresso econômico, mas a Paraíba ficou à margem dessa prosperidade. “Atualmente, estamos amargando ônus da fraca integração paraibana a essa realidade nacional. O elevado nível de atraso socioeconômico estadual é notório. O Estado pode tornar-se um dos mais pobres da Federação, se nada de relevante for feito. A sociedade paraibana carece de um competente projeto de desenvolvimento, que deve ser o resultado mais expressivo do processo político-eleitoral. É inaceitável que o espectro da pobreza e do atraso ronde sobre nós. Não faz sentido, também, apenas criticar, nem mesmo procurar culpados pela involução socioeconômica relativa do Estado. Temos que olhar para a frente. A sociedade paraibana propõe às suas lideranças políticas que assumam o papel que lhes cabe, na concepção de um competente projeto de desenvolvimento para a Paraíba. Temos, sim, capacidade para tanto. Queremos ser parceiros ativos das boas perspectivas econômicas do Brasil e, sobretudo, do Nordeste”, adverte Polari, atual secretário de Administração da prefeitura de João Pessoa.

O ex-reitor condena a antecipação exagerada da campanha eleitoral na Paraíba, como ele classifica a movimentação relativa ao pleito do próximo ano. Alerta que essa antecipação presta um grande desserviço ao desempenho do atual governo do Estado, com quase a metade do mandato a concluir. “Seria ótimo se essa luta pelo poder tivesse por base um ideário voltado para o desenvolvimento do Estado e o bem-estar do seu povo. Assim, não haveria (des)razão para as alianças espúrias, ditadas apenas pelo suposto potencial de votos dos líderes. Infelizmente, é esse chamado capital eleitoral que tudo comanda, pouco importa se suas origens emanam de herança familiar ou da enganosa retórica neopopulista. Não por acaso, nesse contexto, há espaço para a prevalência de renitentes resquícios oligárquicos, sob o domínio de um reduzido grupo de pessoas”.

– Esse jeito paraibano de fazer política como fim em si mesmo, é um atestado eloqüente de um alentado e oneroso passivo histórico a vencer. Há, nesse processo, um círculo vicioso: a busca do poder pelo poder, que nasce da ação política pela política, que busca o poder pelo poder…Desse modo, há evidente risco de práticas políticas desprovidas de virtudes públicas e um tanto comprometidas com interesses individuais – afirma Rômulo Polari. Ele insiste no ponto de vista de que as articulações e formação de arranjos políticos, que estão se processando “a pleno vapor”, quando as eleições ainda ocorrerão no próximo ano, são prejudiciais a qualquer projeto de desenvolvimento em favor do Estado.

 

Do Blog com RepórterPB