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De olho num futuro de redação enxuta e jornal menor, Folha fecha "Equilíbrio" e elimina 24 vagas

A Folha enterrou o caderno “Equilíbrio”, concebido há 13 anos com a promessa de ajudar o leitor a viver com “menos estresse”.

O que era um tabloide semanal de oito páginas sobre saúde e comportamento, com seis colunistas, vira um arremedo do que foi, agora publicado como uma página em “Cotidiano”, nos mesmos moldes do “Folhateen” na “Ilustrada”.

O fim do suplemento foi anunciado num corte que incluiu o fechamento de 24 vagas na Redação (6% do total) e o desligamento da colunista Danuza Leão. É a segunda leva de demissões em um ano e acontece na sequência das feitas pelo “Estado de S. Paulo” e pelo “Valor” –a Editora Abril começou sua “reestruturação” na sexta-feira passada.

Parece que os jornalistas brasileiros estão vivendo o pesadelo que os colegas americanos enfrentaram nos últimos anos. Nos EUA, onde se registrou queda violenta da circulação e da receita publicitária, as vagas nas Redações de jornais encolheram 26% desde 2007.

Hoje, esses veículos empregam 40.600 profissionais, um pouco menos do que em 1978, quando eram 43.000. É um retrocesso de 35 anos.

A sangria dos anunciantes do impresso, nos EUA e na Europa, não vem sendo compensada pela publicidade na internet. Os jornais americanos calculam que, para cada dólar ganho com publicidade nos seus sites, tenham sido perdidos US$ 15 no impresso (dado de 2012).

A situação é melhor na Ásia, graças ao crescimento de vendas de jornais na China e na Índia.

Por aqui, os jornais não cansam de divulgar dados otimistas sobre si mesmos. A Folhapublicou, em março, que a publicidade em jornais cresceu 0,7% no ano passado. Segundo o “Estado”, a circulação geral aumentou 1,8% nesse período.

Se está tudo bem, por que sacrificar o produto? A Secretaria de Redação diz que o caderno “Equilíbrio” foi extinto porque “não era mais viável economicamente”.

Sobre as demissões, afirma que “o fraco desempenho da economia obrigou a Folha a fazer ajustes pontuais em suas despesas”.

Segundo a Secretaria de Redação, “o crescimento da receita publicitária é menor que a inflação” e o aumento de circulação veio principalmente dos “jornais populares”.

A situação econômica da Folha é boa, a empresa não tem dívidas, mas, segundo a direção, “as Redações do futuro deverão ser cada vez mais enxutas, assim como o produto impresso”.

É uma fórmula difícil de dar certo: estruturar um jornal menor, mas mais sofisticado para fazer frente às informações gratuitas oferecidas na internet, com uma equipe reduzida e menos experiente, encarregada também de manter um site de notícias 24 horas.

Enquanto um novo modelo de negócio não se impõe, é assim que as empresas de mídia estão tocando o barco. Aos que acreditam que o jornalismo de qualidade faz bem à democracia resta torcer para que a travessia dê certo.

Aos fãs de Rosely Sayão: a colunista continuará escrevendo na página de “Equilíbrio”, no “Cotidiano”.