Nonato Guedes
Com a decisão do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, em se filiar ao PEN (Partido Ecológico Nacional), na próxima segunda-feira, já se especula nos meios políticos que ele poderá vir a enfrentar Luciano Cartaxo (PT) na disputa de 2016, quando este deverá tentar a reeleição à prefeitura pessoense. Cartaxo, ontem, lamentou que Agra não tenha se filiado ao PT, atendendo aos convites insistentes que lhe haviam sido feitos, mas externou respeito à posição do antecessor e opinou que o PEN pode ser incorporado ao agrupamento de forças que o PT tenta viabilizar para a disputa ao governo estadual no próximo ano, combatendo o governador Ricardo Coutinho (PSB), que buscará a reeleição nas urnas.
Agra comunicou a Cartaxo, por telefone, sua decisão de ingressar no PEN. Posteriormente, em declarações a jornalistas, o ex-prefeito salientou que não considera improvável uma junção do PT com o PEN na disputa do próximo ano. Luciano Agra tentou sair candidato a prefeito pelo PSB em 2012, mas foi batido em convenção interna pela atual secretária de Comunicação do governo estadual, Estelizabel Bezerra, que acabou ficando em terceiro lugar na disputa. Anteriormente o prefeito havia se retirado do páreo, alegando não ser afeito ao “jogo bruto” da política. Aconselhado por correligionários e por aliadas como a ex-secretária de Saúde, Roseane Meira, ele voltou atrás na desistência e se registrou para concorrer à indicação dentro do PSB. O governador Ricardo Coutinho, que já havia optado por Estelizabel, empenhou todas as forças no objetivo de torná-la escolhida como candidata, o que acabou ocorrendo. Diante disso, o ex-prefeito formalizou seu desligamento dos quadros socialistas e passou a apoiar a candidatura de Luciano Cartaxo.
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No processo de formação do secretariado, houve arestas da parte de Agra, que desejava a permanência de Roseane na secretaria de Saúde municipal, argumentando que ela precisava dar continuidade a programas que havia deflagrado. Cartaxo contornou todas as pressões, subliminares ou ostensivas, do antecessor, contemplando-o em outros cargos da administração municipal, mas não cedeu a pasta da Saúde, hoje ocupada por Adalberto Fulgêncio, ex-presidente estadual do Partido dos Trabalhadores. A tendência natural de Agra, depois de filiado ao PEN, é disputar mandato em 2014, ou ao Legislativo estadual ou à Câmara Federal, ou, então, concorrer a cargo majoritário como o de governador, o que o colocaria frente à frente com Ricardo, que o indicou como seu vice em 2008. No PEN, o deputado estadual Ricardo Marcelo é virtual candidato ao Senado ou à reeleição. A presidência do diretório municipal, que Agra ocupará, segundo foi anunciado por Ricardo Marcelo, pode favorecer a estratégia do ex-prefeito de se manter presente no maior colégio eleitoral do Estado.
Parlamentares petistas, que acreditavam na filiação de Agra, também ficaram surpresos com o seu posicionamento. Anísio Maia deixou claro que o PEN precisa ter uma posição firme na conjuntura política-administrativa da Paraíba, em relação ao governo de Ricardo Coutinho. Alguns deputados filiados à legenda chegaram a votar favoravelmente a matérias do Executivo, enquanto outros divergiram. O presidente do PEN, que é também presidente da Assembléia Legislativa, mantém uma relação meramente formal com o chefe do Executivo. Chegaram a se atritar por ocasião da decisão do plenário de modificar o quorum para aprovação ou rejeição de matérias do governo, e Ricardo Marcelo foi altivo na defesa da soberania do Poder Legislativo. Antes da filiação de Agra, o dirigente da legenda já havia convocado uma reunião com os integrantes da bancada na Assembléia para unificar posições. Da bancada faz parte, entre outros, o ex-governador Wilson Braga, que não assume posição ostensiva contrária à administração de Coutinho. Segundo algumas fontes, embora tenha sido assediado por outras legendas e conversado com políticos que são adversários entre si, como o senador Cássio Cunha Lima e o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, do PMDB, Luciano Agra já se inclinara pelo PEN como a alternativa mais confortável para o projeto político que passará a desenvolver a partir de agora. O ex-prefeito dá a entender que hoje mantém relações melhores com o vice-prefeito Nonato Bandeira (MD) do que com Luciano Cartaxo. Mas Cartaxo não deixou de reconhecer a influência que ele teve na sua vitória nem de manter canais abertos para eventuais composições futuras.
