O cangaço de volta

Marcos Tavares

Quando eu era pequeno, no Ingá do Bacamarte, dormi muitas vezes assustado pelas conversas dos adultos nas calçadas. Contavam histórias terríveis do tempo dos cangaceiros, com cidades invadidas, moças violadas e gente morta a punhal. Lampião já havia morrido, mas sua memória ainda era tema de conversa dos mais velhos, falando de um tempo sem lei em que a vontade dos bandidos era soberana e ninguém se sentia seguro nem na sua casa. Isso foi na década de 40 e eu guardei a memória de muitas dessas histórias, terríveis algumas, mas sempre com tom de um passado que jamais voltaria.

Eis que ele voltou. E voltou na terra do coronel Zé Pereira na indomável Princesa Isabel, que já foi república e que resistiu a exércitos. Princesa foi tomada de assalto pelos jagunços modernos que assaltaram bancos, invadiram casas e comércio, fizeram uma festa na sede do Ministério Público, trocaram tiros com a polícia e deixaram a cidade assustada diante da impotência em que se viu. Não foi um assalto a banco nem a supermercado. Tomaram uma cidade com hino, bandeira e história e depois se danaram pras bandas de Pernambuco, tal como fazia Lampião.

Não existe espaço vazio. Quando o Estado não está presente, chegam os bandidos e não mais timidamente. Deixaram de explodir caixas, de assaltar pessoas, agora tomam cidade cientes de que a população está indefesa e a polícia não tem como resistir. O que virá depois disso a gente não sabe. A capital não está segura, como seguros não estão nenhum dos municípios dessa pobre terra assolada pela seca inclemente e agora pasto do novo cangaço.


Ação efetiva

Não é mais hora de discursos nem de estatísticas falaciosas. A urgência do medo exige providências de quem é responsável pela segurança na Paraíba, pois a violência atingiu patamares inaceitáveis.
Governo, sociedade e casas bancárias devem unir esforços para deter essa escalada de assaltos que torna nossa população refém dos criminosos e sem saber a quem apelar.
Se nosso aparato é insuficiente ou insatisfatório, que se convoque o governo federal para tentar abortar essa situação que beira o descalabro e nunca foi vista na Paraíba.
A segurança pública é o pilar maior onde se ancora a vida de uma comunidade.
Omissão
O procurador Oswaldo Trigueiro alerta para a necessidade dos bancos colaborarem na vigilância dos valores sob sua responsabilidade.
Esses bancos têm o maior lucro no Brasil, mas não investem na segurança dos seus clientes e na sua própria imagem. É preciso que quem lida com dinheiro dos outros tenha um esquema mais aplicado para vigiá-lo e impedir assaltos.
Não se pode jogar toda a responsabilidade num Estado em completa penúria que não tem condições de vigiar a tudo e todos.

 

Bondade

Nossa presidente, num gesto largo, perdoou 900 milhões de dívidas de países da África.
Ou é muito dinheiro em caixa ou o remorso pela escravidão.
Duelo
A eleição já começou e as secretárias Estelizabel e Aracilba travam um duelo silencioso e fatal para ambas.
Estelizabel se encarrega da mídia do governo, mas Aracilba é quem tem a chave do cofre. Assim, muitas vezes a comunicação manda, mas a Receita não obedece.

Retorno
Os últimos acontecimentos na área policial trouxeram de volta pedidos para que seja restaurada a operação ‘Manzuá’.
Muitos acham que, mesmo desmantelada, a presença de policiais nas fronteiras inibia a ação de grandes bandos.

Constituintes
Bayeux parece que não é diferente apenas no nome. A Câmara Municipal da cidade aprovou lei que permite contratação de funcionários sem concurso.
A Constituição nacional veta esse tipo de contrato.

Juntos
Para aquecer a política paraibana, Veneziano Vital e Cartaxo se fecharam numa sala da prefeitura.
Foi o bastante para gerar todo tipo de especulação.

Gordura
A Abrajet engorda. É raro o dia em que essa veneranda associação de profissionais da imprensa não faz um jantar.
É o turismo gastronômico em alta.
Frases…

MusicaL – Êta pau Pereira que em Princesa já roncou…
Visão – Pior do que não ver a solução é ignorar o problema.
Capítulos – A morte é o último capítulo ou o início de uma nova novela?