Povo terá que escolher a forma de vencer o crime

Gilvan Freire

VIDENTECEGO – O episódio de Princesa Isabel, em que os bandos organizados da criminalidade cercaram a cidade e fizeram uma população inteira refém do medo e de armas de guerra, somado a outros episódios de violência dos últimos tempos contra uma sociedade completamente indefesa e a mercê da sorte, reflete uma realidade social nova e atemorizante que leva as pessoas a perderem a esperança quanto a felicidade e a paz individual.

VIDENTECEGO – O que se sabe é que muita gente, agindo em defesa de seus entes queridos, especialmente dos filhos, estaria disposta a entregar a própria vida no lugar da vida de seus protegidos, nos casos em que fosse possível escolher. Filhos também (e já são muitos os precedentes), enfrentam as armas dos facínoras e morrem em defesa de seus pais ou irmãos. Essas tragédias, de tão repetidas e freqüentes, estão criando no imaginário coletivo a sensação de que viver é um risco em mãos alheias e que não depende mais da vontade de Deus.

VIDENTECEGO – Não bastasse esses fatores de gravíssima instabilidade social, em que o Estado não pode mais garantir o sossego e a paz do povo, e em que o banditismo desafia e encurrala o aparelho repressor da segurança pública, demonstrando evidente e manifesto grau de competência tática e superioridade de força, a sociedade está perdendo a crença nas instituições e nas autoridades. Ninguém mais acredita que elas possam evitar a sua morte. Nesse sentido, está se formando uma desesperança na vida, porque todos se acham na mira das mesmas armas mortais e diante de uma onda monstruosa de assassinatos frios e absolutamente desmotivados, tão banalizado e coisificado como nos tempos da barbárie.

VIDENTECEGO – Se a sociedade tem que pagar esse preço sozinha e desamparada, desassistida pelo governo caro que mantém a custa dos tributos estratosféricos que paga, ineficiente, irresponsável e corrupto, conduzido por líderes que não priorizam a vida e a segurança da população e governam como se não tivesse acontecendo nada de anormal em sua volta, é melhor que a revolta que há no povo contra o banditismo se transforme em ação de combate à inércia dos políticos, os verdadeiros criminosos que permitem, pela omissão incompetente e desavergonhada, que a população esteja sitiada, silenciada e acocorada diante de tantos bandidos de dentro e fora do poder. Só a revolta popular pode resolver esse problema, enquanto o banditismo armado não toma de assalto o poder que assalta o povo. Coragem! Esse é um grande e inadiável desafio. Vamos esperar porquê e por quem?.