Marcos Tavares

Não se espante o improvável leitor se um dia encontrar no jornal o retrato de nossa primeira-dama de chapéu de couro e encasacada como vaqueiro. Tudo isso se deveu ao susto causado pela candidatura de Eduardo Campos, que fez nossa mandatária de repente descobrir que o Nordeste, por mais que ela o ignore o reduto de seus votos, o redil de suas ovelhas pobres apascentadas pelo programa Bolsa. Desde então Dilma tenta unir seu sangue búlgaro ao sertão nordestino por ironia assaltado por uma das maiores secas de sua história.

Para se redimir de tanto esquecimento, a presidente toca fogo em obras historicamente paradas e adiadas por falta de dinheiro e vontade política, como a Transposição de Águas do São Francisco e a propalada Transnordestina, atualmente pouco maior que um risco no mapa. Dilma mobilizou-se e mobilizou seu staff para que essas obras voltassem a andar ao menos até sua reeleição, quando ela poderá voltar pacificamente à sua faina de construir estádios majestosos.

Não é preciso que nossa presidente se preocupe tanto, nem crie rugas fora da idade. O Nordeste e o nordestino estão acostumados ao desprezo federal e a uma subserviência histórica, aos coronéis, aos políticos e agora ao parco dinheirinho da Bolsa que impede que eles morram de fome. Enquanto o dinheiro estiver na Caixa e no bolso, Dilma pode dormir sossegada que ninguém roubará seus votos.

Junino
Nada mais incoerente que uma prefeitura que não consegue nem abastecer d’água seus governados, que tem uma educação de baixa qualidade e uma saúde indescritível, gastar rios de dinheiro nos festejos juninos.
Festa se faz quando o dinheiro sobra, não numa situação calamitosa em que se encontram dezenas de municípios paraibanos e que nem por isso abrem mão de contratar bandas famosas e caras.
Menos pão e mais circo parece ser o lema de muitos gestores que, de quebra, deixam logo pago a essas bandas, toda animação de sua campanha.

 

Mudança
Mudou o senador Cícero Lucena ou mudou Ricardo Coutinho? Até pouco tempo a simples menção do nome de Ricardo era suficiente para irritar o senador Cícero, mas ele já admite publicamente que pode até compor com o seu ex-terrível inimigo.
Uma análise mais fria detecta que Cícero considerou pesado demais o fardo de tentar a reeleição sem o apoio em bloco do seu partido, que tende cada vez mais a repetir as coligações das eleições passadas.
Cuba Libre

Tem gente animada com a nova safra de médicos cubanos que vai aportar por aqui. São os amantes do ‘cuba libre’.
Eles acham que médicos cubanos jamais vão proibir esse drinque aos seus pacientes.


Futuro

O governador Ricardo leva benesses para os ciganos implantados em Sousa na administração de Antônio Mariz.
Como dizem que os ciganos adivinham o futuro, o governador preferiu não arriscar.

Liseu
Não chamem para a mesma festa o deputado Ruy Carneiro e uma viúva de algum governador.
Ruy encasquetou a ideia de retirar as pensões vitalícias que muitas recebiam.

Natimorto
Dificilmente se ouviu falar de um partido que já nasce em crise e com ameaças de deserção geral.
Esse é o perfil do MD, que não consegue ser grande o suficiente para abrigar tantos egos.

Chegança
Juntar-se com Luciano Agra seria uma maneira de Veneziano Vital chegar-se mais a João Pessoa, onde é um ilustre desconhecido.
Mas Agra resiste firmemente à ideia de ser coadjuvante nesse processo político.

Verdade
Depois de mais de um ano em funcionamento, a chamada Comissão da Verdade não conseguiu encontrar a pista de nenhum dos desaparecidos políticos.
Até agora só tem uma verdade: a presidente Dilma não permite que se revogue a Lei da Anistia.
Frases…

Sonhando – Duas coisas interrompem o sonho. O despertador e a realidade.
Gêneros – Vejam como são os gêneros. Toureiro é cheio de charme, já vaqueiro…
Custos – Você pode fazer tudo. É só se dispor a pagar o preço.