Órfãos de pai vivo

Paulo Santos

Lideranças políticas ligadas ao senador Cássio Cunha Lima não têm esperanças de que ele possa vir a ser candidato ao Governo do Estado em 2014 e por várias razões. O líder do poderoso clã campinense tem dito à exaustão que, se depender somente dele, será mantida a aliança com o governador Ricardo Coutinho.

Esses “satélites” de Cássio dizem que há insatisfações no relacionamento com o Governo, mas isso é natural numa composição que abrange amigos e correligionários de quem obteve mais de um milhão de votos para o Senado. “Já houve momentos piores na relação com o Palácio da Redenção”, me disse um.

O arrefecimento dos ânimos se dá pelo fato de que o governador Ricardo Coutinho se mantém distante da “arraia miúda”, porém cerca Cássio de cuidados especiais. Inclusive mantendo preciosos espaços do Governo na mão de cassistas, como acontece nesta segunda-feira (27) com Franklin Araújo na PBGás.

Até onde a vista alcança não se vislumbra a possibilidade de cisma no esquema que une Cássio e Coutinho, sob a ótica de quem está perto de ambos. E quem está longe ou é um simples eleitor? É aí onde alguns correligionários do senador demonstram preocupação, pois há levantamentos estatísticos razoavelmente confiáveis que incitam a rompimento.
Com um indisfarçável grau de aborrecimento de parte considerável da sociedade – sobretudo em João Pessoa e em Campina Grande – com o Governo do Estado e com a voz rouca das ruas desejando mudanças de rumos políticos e administrativos, um “não” de Cássio pode também causar estragos substantivos.


Esses atentos observadores monitoram passos e comportamento de opositores, como Veneziano Vital e Luciano Agra, com o objetivo de detectar algum movimento do eleitor não direção de ambos em caso da negativa de Cássio criar um vácuo político na Paraíba e um deles – ou os dois juntos – resolverem aproveitar a brecha.
Um tucano de bico afiado lembrava que a política é como nuvem (“a gente olha agora e está de um jeito, mas se olhar um segundo depois está diferente”), citando a guinada que a política estadual deu, por exemplo, quando Humberto Lucena soube aproveitar o vácuo político em 1986, lançou Burity e o PMDB conquistou a hegemonia estadual.
Algumas liderança ligadas a Cássio não escondem o temor de que a possível renúncia de Cássio para manutenção da atual aliança PSDB-PSB enfraquela o senador e fortaleça Coutinho de tal forma que as próximas eleições – 2016 e 2018 – provoquem catástrofes como as posteriores à ascensão do PT em Campina Grande com Cozete Barbosa que oxigenou a oposição ao clã Cunha Lima e provocou duas derrotas municipais.
ESTALEIRO
O Ministério da Saúde adverte: a coisa não anda boa para deputados estaduais paraibanos. No intervalo de poucos dias, dois deles e ambos da oposição – Vituriano de Abreu e frei Anastácio – passaram por cirurgias. O primeiro, de vesícula. O segundo, de hérnia de disco.
AGRA
Há quem assegure que o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra (sem partido), foi convidado pelo ex-prefeito de Campina Gerande, Veneziano Vital (PMDB), a pensar com carinho na possibilidade de ser candidato a vice-governador. Aí estariam as razões pelas quais Agra vem se distanciando do prefeito da Capital, Luciano Cartaxo, e reforçando suas críticas
COFRE
A propósito de Veneziano; o peemedebista busca muito mais do que viabilidade eleitoral para 2014. Faz esforço gigantesco também para que sua campanha adquira musculatura financeira, sobretudo porque sabe que seus possíveis financiadores estaduais serão fortemente monitorados pelo Governo.
CAJAZEIRAS
Um vereador da distante cidade de Cajazeiras – Ivanildo Dunga – inundou as caixas de e-mail dos repórteres políticos informando seu apoio incondicional à presidenta do PMN estadual, Lídia Moura, ao projeto de fusão com o PPS de onde deve nascer o MD33. E mais: se coloca à disposição para sair candidato a deputado estadual. Antes, entretanto, pleiteia a cadeira de secretário municipal de Esportes.