Maranhão ainda sonha com aliança PT-PMDB

Nonato Guedes

O ex-governador José Maranhão, presidente do diretório regional do PMDB, não descarta a possibilidade de uma recomposição entre o PT e a agremiação que ele dirige com vistas às eleições majoritárias de 2014. Para ele, isto seria um reflexo natural das alianças que já foram travadas em outras disputas e, sobretudo, da aliança nacional que considera sólida entre os dois partidos, com perspectiva de repetição da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer a presidente e vice da República. Fontes do PT, consultadas pela reportagem, não chegaram propriamente a exorcizar a união com o PMDB no âmbito estadual, mas ressaltam que ainda está marcante dentro do partido a posição de neutralidade assumida por Maranhão no segundo turno da eleição a prefeito de João Pessoa em 2012, que foi disputado entre Luciano Cartaxo e o senador Cícero Lucena, do PSDB. A expectativa de Maranhão é de que a cúpula nacional petista desenvolva esforços nos bastidores para recomposição da aliança.

 Um dos argumentos do ex-governador é o de que não há hostilidade por parte de todos os petistas, citando recente declaração do deputado estadual Anastácio Ribeiro, manifestando simpatia por uma coligação em apoio à candidatura do ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego. Embora os rumores sejam de que Anastácio adotou uma posição preventiva, para evitar que o PT venha a apoiar uma eventual candidatura do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, ao governo, Maranhão acredita que a hipótese de uma chapa reunindo petistas e peemedebistas é concreta na correlação de forças do Estado. A sua avaliação é a de que o PT não forjou um nome competitivo para enfrentar o governo do Estado e, nesse caso, viria a reboque de outras legendas como o PP e o PSC, que é presidido pelo ex-senador Marcondes Gadelha. O ex-governador releva problemas enfrentados na campanha de 2012 entre petistas da direção nacional e peemedebistas de Campina Grande. Naquele pleito, a deputada Daniella Ribeiro, do PP, contava com o apoio do PT para disputar a prefeitura, mas ficou isolada porque o então presidente do diretório municipal, Alexandre Almeida, já destituído do cargo, defendia a candidatura da médica Tatiana Medeiros, e chegou a se lançar no primeiro turno de forma simbólica. O segundo turno acabou sendo polarizado na Rainha da Borborema entre o tucano Romero Rodrigues, que foi eleito, e a médica Tatiana Medeiros, apoiada por Veneziano e pelo senador Vital Filho. O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, era simpático à aliança com Daniella em Campina Grande, mas isto não foi suficiente para a formação oficial da coligação entre o PT e o PP.

Sabe-se que emissários da confiança de Maranhão estão realizando incursões em hostes petistas, inclusive, nacionais, para tentar viabilizar a composição PMDB-PT em 2014, com apoio ao nome de Veneziano ao governo. Nesse caso, o PT poderia indicar o vice, enquanto o próprio Maranhão teria a chance de concorrer ao Senado, mandato que já exerceu. A dificuldade dessa composição é que o PT teve posição subalternada em duas eleições de que participou, coligado com o PMDB. Em 2006, quando Maranhão foi candidato a governador, seu vice foi Luciano Cartaxo. Em 2010, Maranhão trocou Luciano pelo atual presidente do PT, Rodrigo Soares. Nas duas disputas, Maranhão foi derrotado – em 2006 por Cássio Cunha Lima, em 2010 por Ricardo Coutinho, embora em fevereiro de 2009 tenha ascendido ao Palácio para concluir a gestão de Cássio, cujo mandato havia sido cassado pela Justiça Eleitoral. Dirigentes petistas salientam que não há prognóstico acerca das alianças qu e o partido vai firmar para 2014 e que o assunto virá à tona depois da realização do Processo de Eleições Diretas para o diretório estadual.

No PSB, a surpresa, nas últimas horas, ficou por conta da declaração do presidente do diretório regional, Edvaldo Rosas, de que um eventual apoio do senador Cícero Lucena (PSDB) ao governador Ricardo Coutinho pode gerar um fato novo que resulte na aceitação de Cícero como candidato à reeleição na chapa a ser encabeçada por Coutinho. O assunto ainda está sendo tratado com cautela em ambas as hostes, diante de inúmeras dificuldades que precisam ser superadas. Mas socialistas já comemoram o que denominam de “tom light” que Lucena teria passado a adotar em relação ao governo Ricardo Coutinho em entrevistas concedidas a emissoras de rádio. Atribui-se esse comportamento de Cícero a uma mediação do senador Cássio Cunha Lima, que não confirma, entretanto, quaisquer entendimentos para a formação de uma chapa com Ricardo e Cícero.