Entre direitos e deveres

Marcos Tavarez

Mestres de nossa veneranda UFPB acenam outra vez com um movimento grevista. Tudo bem. A greve é um direito e uma conquista do trabalhador, um direito que é usado como extremo recurso para se conseguir reivindicações emperradas. Só que no meio universitário a greve, a paralisação, se tornaram a primeira medida, o recurso primário para qualquer conquista. Com isso, a greve de tão previsível e de tão vulgarizada perdeu seu efeito e hoje é um fato adicionado ao calendário escolar como as férias e as provas.

O histórico de greve da nossa UFPB – e das universidades brasileiras em geral – é enorme. Raro o semestre em que alunos não são punidos e impedidos de estudar porque funcionários ou professores decidem que é a hora da greve. Essa decisão não parte da coletividade, mas de um pequeno número de militantes que toma de assalto os sindicatos e instituições classistas e passa a falar em nome de toda uma categoria, muitas vezes sem ter essa autoridade.

Não se nega que a UFPB – e a universidade brasileira – precisa de reparos que vão desde a planilha curricular, passam pela quantidade de cursos e acabam numa pedagogia ineficiente, mas já ficou historicamente provado que a greve não é remédio para esses males ou eles já teriam sido resolvidos há anos. Antipática, agressiva, mutiladora, a greve acaba por levantar contra quem a pratica a ira de uma sociedade que paga impostos para ter direito inclusive à educação.


Preço
A Justiça – certa ou errada – deve ser obedecida sob pena de instaurarmos a anarquia em vez da ordem. Os mestres de nossa UEPB desconheceram isso e desconheceram olimpicamente a ordem judicial de parar a greve e retornar ao trabalho.
Por conta disso, sua associação vai ter de botar a mão no bolso e pagar a multa imposta pela Justiça, que não é tão pequena.
Isso deve servir, em greves posteriores, para que os donos do movimento saibam que existe alguma coisa mais forte do que simplesmente discursos.


Bota Fora

O vereador de Guarabira Lucas Porpino atiça o prefeito Zenóbio para que faça uma “limpeza” municipal demitindo todos os aliados do vice-prefeito que aderiu a Ricardo Coutinho.
A sugestão nem é democrática nem republicana. Se eles foram nomeados, imagina-se que tenham mérito para exercer as funções a eles confiadas.
E esse mérito não tem indicador político.
Cardíaca

Raissa ficou tão chocada, com o título concedido à Energisa, que passou mal. Já o professor Gabriel sentiu fortes dores no peito e foi medicado.
A nossa Câmara é cardíaca.
Estratégico
O vereador Milanez deu um recuo estratégico e retirou de pauta o projeto que concedia láureas à Energisa.
A imagem da empresa anda arranhada pelos gatos, e gatos provocam problemas circulatórios.

Cotas
A instituição de cotas está se tornando ridícula. Agora, deputados querem uma para viciados em tratamento.
Cada obra pública terá de contratar 3% de trabalhadores entre os viciados em tratamento. Patrões vão fiscalizar ao mesmo tempo a obra e o comportamento dos drogados.

Discursos
Todos – novos e velhos personagens – praticam o discurso da coerência, do firme posicionamento e das posições imutáveis.
A biografia prova, entretanto, que a qualquer pretensão contrariada muda-se de bloco como quem muda de camisa.

Teflon
Nada respinga sobre o ministro Aguinaldo Ribeiro no caso do escândalo do Jampa Digital investigado pela PF.
Parece que existe um acordo tácito de poupar o ministro e atingir alvos maiores.

Permanência
É estranho como a ex-secretária Roseana Meira, sem cargos e sem partido, permanece sendo uma figura interessante para a mídia.
Ela está no centro do furacão que sopra entre Agra e Cartaxo.
Frases…

Lembrança – A gente lembra mais quando Deus castiga do que quando dá benesses.
Doçura – A vingança é um veneno doce.
Justo – A Justiça pode ser tão cruel como a injustiça.