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Desistência de Vanessa Lopes do BBB alerta sobre desafios na aceitação e debate sobre o negacionismo por parte dos pais em relação a problemas mentais dos filhos

Recentemente, a influenciadora pernambucana Vanessa Lopes surpreendeu o público ao desistir do BBB24 devido a episódios de surtos durante sua breve participação no reality show. Enquanto sua saúde mental gerava preocupação entre os espectadores, seus pais vieram a público, afirmando desconhecer qualquer comportamento duvidoso por parte da filha, garantindo que Vanessa estava bem e agindo normalmente.

Foto: reprodução

Recentemente, a influenciadora pernambucana Vanessa Lopes surpreendeu o público ao desistir do BBB24 devido a episódios de surtos durante sua breve participação no reality show. Enquanto sua saúde mental gerava preocupação entre os espectadores, seus pais vieram a público, afirmando desconhecer qualquer comportamento duvidoso por parte da filha, garantindo que Vanessa estava bem e agindo normalmente.

No entanto, as imagens transmitidas ao vivo mostravam uma realidade diferente, com Vanessa falando sozinha e enfrentando momentos de surto antes de solicitar sua saída do jogo. O caso levanta questões sobre a resistência por parte de alguns pais em reconhecer e lidar com problemas mentais de seus filhos.

O Polêmica Paraíba buscou a opinião da psicóloga Karla Azevêdo para entender melhor essa problemática e como ela pode interferir no desenvolvimento dos filhos.

A primeira pergunta abordou a influência da cultura e sociedade na não aceitação por parte dos pais em relação a problemas mentais dos filhos. A psicóloga explicou que expectativas rígidas em relação ao sucesso, conformidade com normas culturais e o estigma associado aos transtornos mentais podem levar à resistência em aceitar ou buscar ajuda.

“Os transtornos mentais ainda são vistos como fraqueza ou falta de controle emocional, o que pode levar à negação ou minimização dos problemas mentais, especialmente dentro do ambiente familiar. Quando um membro da família enfrenta desafios quanto a saúde mental, pode haver resistência em admitir ou abordar o problema devido ao medo do julgamento social”, afirmou a psicóloga.

Quando questionada sobre os sinais de resistência dos pais diante da possibilidade de problemas mentais, Karla destacou a negação, minimização da gravidade dos sintomas, sentimento de culpa e medo do julgamento social como comportamentos comuns. Essas atitudes podem atrasar a busca por ajuda profissional e a aceitação de diagnósticos.

“A resistência pode se manifestar de diversas formas, como por exemplo a negação possivelmente, que é um dos sinais mais comuns, pois a negativa da existência do problema, pode ser impulsionada pelo estigma ou pela falta de compreensão sobre os sinais e sintomas do problema mental. Alguns pais podem minimizar a gravidade dos sintomas atribuindo-os a fases passageiras, adolescência ou simplesmente “coisas da vida”. Eles também podem sentir culpa ou vergonha em relação aos problemas mentais de seus filhos, interpretando isso como uma falha na criação. O medo do julgamento social também podem acarretar nessa resistência, os pais podem recear que a revelação do problema mental afete a reputação da família ou a vida social do filho. São questões que podem levar a procrastinação na busca por ajuda profissional e a recusa em aceitar diagnósticos”, destacou.

A psicóloga recomendou estratégias para melhorar a comunicação entre pais e filhos, incluindo a criação de um ambiente seguro para expressar sentimentos, psicoeducação para desmistificar estigmas e abordagens suaves e graduais para evitar confrontos. Veja abaixo:

-Estabelecer um ambiente onde os membros da família sintam-se seguros para expressar seus sentimentos sem julgamentos, demonstrando empatia, deixando claro que o objetivo é apoiar e não julgar;

-A psicoeducação (uma ampliação do conhecimento sobre o transtorno e todo o processo de tratamento) é fundamental para identificar os diferentes transtornos, sintomas e tratamentos disponíveis, desmistificar os estigmas associados à saúde mental promovendo uma compreensão mais precisa e realista;

-Evitar abordagens de confronto com uma conversa de maneira suave e gradual;

-Ouvir atentamente as preocupações e perspectivas dos pais e dos filhos validando os sentimentos expressos, mostrando que são compreendidos e respeitados; e

-A participação de um profissional de saúde na conversa para fornecer informações objetivas e responder a perguntas.

“Lidar com problemas mentais é um esforço que envolve todos os membros da família, definir metas realistas para a melhoria da situação, evitará expectativas irreais, por isso é importante celebrar pequenos progressos e destacar as mudanças positivas. Lembrando de que a comunicação eficaz leva tempo, paciência e esforço mútuo. Ao criar um ambiente de compreensão e apoio, os pais e os filhos podem trabalhar juntos para superar a resistência e enfrentar os desafios de saúde mental de maneira colaborativa”, acrescentou.

Colaboração profissional na superação da resistência

Karla ressaltou a importância da colaboração entre profissionais de saúde mental e pais. A construção de uma relação de confiança, informações educativas e o envolvimento ativo dos pais no processo terapêutico foram destacados como elementos fundamentais.

“Os profissionais de saúde mental desempenham um papel crucial na superação da resistência inicial dos pais e na promoção de um ambiente de apoio para os filhos. É um processo colaborativo, onde é preciso construir uma relação de confiança, disponibilidade para ouvir suas preocupações e perspectivas validando suas experiências. Também tem o papel de oferecer informações educativas sobre saúde mental, explicando os conceitos de forma clara e acessível. Colaborar com os pais no processo de diagnóstico, explicando os critérios utilizados, encorajando os pais a participarem ativamente no processo terapêutico, incentivando a comunicação aberta e a expressão de preocupações. É possível adaptar as abordagens terapêuticas para incluir os pais, quando apropriado e explicar como a terapia familiar pode ser benéfica para o bem-estar global da família. Não esquecendo de colaborar com outros profissionais de saúde, como médicos, professores e outros especialistas envolvidos na vida dos filhos, para criar uma abordagem holística, promovendo uma comunicação eficaz e compartilhando informações relevantes para garantir uma compreensão abrangente da situação”, disse a psicóloga.

Questionada sobre a eficácia da terapia familiar na abordagem da não aceitação dos pais em relação a problemas mentais dos filhos, a psicóloga enfatizou que a terapia familiar pode promover a compreensão das dinâmicas familiares, identificar padrões prejudiciais e envolver os pais ativamente no apoio ao bem-estar mental de seus filhos.

Foto: cedida / arquivo pessoal

Karla Michelle Cabral França Azevedo Karla Azevedo
CRP 13/8241

Fonte: Adriany Santos
Créditos: Adriany Santos