Um dos meus últimos posts do Parahyba e suas Histórias expôs o que a minha memória guardou dos cinemas de rua em João Pessoa. Ficou claro na ocasião que as anotações se referiam às décadas a partir da de 1950, com alcance até os anos 1980, em que se acentuou a derrocada dessas salas de cinema espalhadas pela urbe pessoense. Aliás, um fenômeno nacional. No entanto, se quisermos aprofundar mais as pesquisas, vamos encontrar na década de 1910 o início de efetivo funcionamento dos cinemas de rua, na então cidade de Parahyba, com a criação do Cine Pathé, no Ponto de Cem Reis.
Na sequência, ainda dentro dos anos 1910, surge o Cine Rio Branco, iniciativa dos italianos Rattacazzo e Cozza, no terreno onde depois seria erguido o Cine Rex (cuja última sessão foi exibida em 9 de maio de 1982). Importa anotar que a primeira iniciativa voltada para a exibição de filmes em João Pessoa tem como data o ano de 1897. Um italiano misto de dentista e fotógrafo chamado Nicola Maria Parente apresentou durante a Festa das Neves, em 1897, um aparelho chamado “cinematógrafo”.
O público pessoense pode assistir, então, pela primeira vez, uma película da sétima arte. “Em frente à Photographia Vesúvio, na rua Nova, nº 2, foi colocado um grande cartaz com frases em francês anunciando o espetáculo. Segundo anotações do fotógrafo, cineasta, diretor e pesquisador paraibano Walfredo Rodriguez (1893 – 1973), em seu Roteiro Sentimental de uma Cidade, que estava presente ao acontecimento: ‘O autor destas desativadas evocações, recorda-se, ainda, envoltas em névoas das imagens remotas, das fitas ali exibidas, numa Festa das Neves de 1897 – Chegada de um Trem a Gare de Lion, Um Macaco Pulando um Arco e Crianças Jogando Bolas de Neve em Biarritz”. (Citação feita pelo site Brasiliana Fotográfica, coordenado por representantes da Fundação Biblioteca Nacional e do Instituto Moreira Salles).
Mas é no final da década de 1910, e no decorrer da de 1920, que surge e se consolida a primeira iniciativa para funcionamento de um conjunto de salas de cinema, no centro e nos bairros pessoenses, facilitando o aluguel de filmes mais importantes, inclusive do circuito internacional.
O responsável pela proeza foi o norueguês Einar Svendsen, avô do artista plástico Fred Svendsen, materializada na criação da Empresa Cinematographica Parahybana, com pelo menos 4 salas na capital: Cinema-Theatro Rio Branco (posteriormente, o Rex), o Cinema Filippéa, o Cinema Popular e o Cinema São João. Mas também salas em Campina Grande e cidades do interior. Da metade dos anos 1930 em diante, até o final dos tempos de sucesso dos cinemas de rua, contudo, reinou quase absoluta a Companhia Exibidora de Filmes, da família Wanderley, reunindo grande número de salas de exibição cinematográfica, em João Pessoa, ainda que com espaço para a empresa Cinemas Reunidos Ltda, proprietária, em algum tempo, pelo menos do Plaza e do Astoria.
Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Sergio Botelho