Não é a primeira vez que o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, deixa pistas nas entrelinhas, através das inúmeras entrevistas concedidas – quase que diariamente nos Sistemas de Comunicações da Paraíba – e revela sua intenção velada de compor a chapa majoritária de 2026, ocupando uma vaga para o Senado, ou para o Governo. No último 02/01/2024, no programa “Frente a Frente” da TV Arapuã, foi enfático ao descartar a possibilidade de ser o vice de Lucas Ribeiro.
Convenhamos que hoje, Adriano é o único nome que dispõe de “ferramentas” para enfrentar a empreitada. Uma oportunidade rara, que pode ser única. Por que não aproveitá-la? Este é o seu momento. Quatro vezes à frente do Poder Legislativo, Adriano criou um ambiente de convivência harmônica com a maioria dos seus pares. Goza do respeito e admiração da classe política e desenvolveu um estilo conciliador, tornando-se mediador entre o Parlamento e o Poder Executivo. O que lhe falta? Coragem?
Impossível era Wilson Braga ser governador. Difícil foi para Ronaldo, Cássio e Ricardo Coutinho. A história nos mostra, que ousadia e coragem escrevem a biografia dos vitoriosos. Saudoso ex-governador Wilson Braga, quando ocupou a 1ª Secretaria da Câmara dos Deputados, se lançou candidato a governador do Estado. Na época, não passava de uma “piada”. Admitiam lhes oferecer a terceira sublegenda. A “Frente de Campina”, unindo o Grupo da Várzea e os Gaudêncios – com as bênçãos do governador Burity – tinha lançado Enivaldo Ribeiro, então prefeito da Rainha da Borborema.
Braga só era conhecido no Vale do Piancó. Começou a andar, pedir votos e distribuir Bolsas de Estudos do governo federal. Só vence quem disputa. A sorte sempre favorece os mais arrojados. O Presidente Figueiredo sofreu um infarto, e se licenciou por seis meses. Assumiu o seu vice, Aureliano Chaves, que apoiou a decisão do Congresso em extinguir a sublegenda, apenas para Governo do Estado, eleições de 1982.
Na Paraíba, a disputa estava polarizada entre Enivaldo Ribeiro (PDS) e Antônio Mariz (MDB). Com o fim da sublegenda, o PDS e MDB só poderiam ter um candidato ao governo. O Secretário do PDS era o saudoso deputado Soares Madruga, líder do governo Burity, amigo íntimo e conselheiro de Wilson Braga. A convenção iria definir o candidato. Madruguinha tinha renovado, e trocado todos os Delegados do Partido no Estado. Enivaldo ficou sem votos para disputar a convenção… O candidato foi Wilson Braga. O vice tinha que ser um nome de Campina Grande. Nenhum político aceitou ser companheiro de Braga. O empresário José Carlos da Silva Júnior topou a parada.
Milagrosamente, uma PEC foi aprovada no apagar das luzes de 1981, implantando o “voto vinculado”. O eleitor teria que votar para vereador, prefeito, governador e senador, num único partido. O voto cruzado seria anulado. A Paraíba na época contava com 173 municípios. O PDS tinha diretórios e candidatos – da legenda e mais duas sublegendas – em todos os grotões. O MDB, em apenas 33.
Wilson Braga foi votado por quem nem chegou a conhecer. Mariz, o imbatível, foi derrotado por mais de 100 mil votos. E o governador licenciado Tarcísio Burity perdeu sua única chance de chegar ao Senado da República. Mas, foi eleito deputado federal com a maior votação da história. Burity não acreditava na vitória de Braga. Temia enfrentar Pedro Gondim, e a onda crescente do “voto camarão”.
O eleitor votaria de vereador a deputado federal, e deixava em branco o Senado e o Governador. Marcondes Gadelha arriscou e ganhou. Tardiamente, Burity entendeu que existem três atos sem volta: a flecha desferida, a palavra proferida, e a oportunidade perdida. Adriano já olhou seu atual momento, pelo retrovisor da história?
Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Júnior Gurgel