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A inconsequência dos fogos barulhentos quando a beleza pirotécnica já seria suficiente - Por Sérgio Botelho

Foto: Reprodução

A lei já existe, mas apenas vale para a prefeitura. Falo da proibição do uso de fogos com efeitos sonoros em João Pessoa. Nessa conformidade, pipocos dos mais diversos decibéis estão liberados a particulares. Bombas, rojões, foguetes e similares continuam sendo negociados livremente e prometem atormentar a vida de humanos vulneráveis tipo idosos, autistas e bebês, além de animais em geral na passagem de ano logo mais à meia noite.

Pessoas com transtornos de ansiedade, estresse pós-traumático ou sensibilidade a sons altos, por exemplo, podem sofrer com o barulho dos fogos de artifício, desencadeando ataques de pânico ou reações de estresse severas. A morte pode ser uma das consequências.

O prestigiado cardiologista paraibano doutor José Mário Espínola conta a história de uma menininha que levou um susto de uma bomba, quando era bebezinho, e ficou com paralisia cerebral, em cima de uma cama sem se mover nem comunicar, até morrer aos 40 anos.

Bebês e crianças pequenas têm sensibilidade auditiva e podem ser facilmente assustados pelo barulho alto e inesperado dos fogos de artifício. Pessoas idosas ou com certas condições de saúde podem achar os barulhos altos particularmente perturbadores ou desorientadores.

Acontece, ainda, que muitos animais, como cães e gatos, têm audição muito mais sensível do que os humanos. Os barulhos altos dos fogos de artifício podem ser extremamente desconfortáveis e até dolorosos para eles.

Claro que os animais não entendem a origem ou o propósito dos fogos de artifício. Dessa forma, o barulho súbito e intenso pode causar medo, ansiedade e estresse, levando a soluções como fugir, esconder-se ou se agitar-se excessivamente.

Em casos extremos, o estresse causado pelos fogos de artifício pode levar a problemas de saúde, como aumento da frequência cardíaca, problemas respiratórios, ou até mesmo trauma e morte.

O uso de fogos de artifício silenciosos ou de baixo ruído, tem sido uma tendência em várias partes do mundo como uma alternativa mais amigável para esses grupos vulneráveis. Uma questão civilizatória, mesmo.

Portanto, é preciso haver consciência redobrada nesse réveillon para evitar os fogos de artifício que provoquem barulho. Bastaria um pouco de empatia para que o pretendente fogueteiro evitasse o barulho.

Nesse sentido, ainda que, por falta de sensibilidade maior, a empatia não alcance o sofrimento dos animais, é preciso lembrar da gente que sofre tão demasiadamente com os pipocos que geramos, a assustar até a quem os dispara.

Espirais, corações, estrelas, círculos e muitos outros desenhos, todos brilhando intensamente contra o fundo escuro do céu noturno, já são efeitos belos demais para nossa admiração e gozo estético. É preciso consciência. Evitemos os fogos barulhentos.

 

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho