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PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Orfanato Dom Ulrico - Por Sérgio Botelho

Ainda hoje é visível na bela frontaria do Instituto Dom Ulrico, projeto do arquiteto Hermenegildo di Láscio, a data de 1913, embora não seja a que efetivamente definiu sua existência já que apenas inaugurado em abril de 1922.

imagem: reprodução/internet

Ainda hoje é visível na bela frontaria do Instituto Dom Ulrico, projeto do arquiteto Hermenegildo di Láscio, a data de 1913, embora não seja a que efetivamente definiu sua existência já que apenas inaugurado em abril de 1922. Mesmo assim, foi uma das primeiras instituições, especificamente um orfanato, a vigorar na avenida João Machado, construída na década de 1910 ao sul da cidade que se expandia mais fortemente para norte, sul e leste impulsionada pela crescente prosperidade trazida pelo cultivo do algodão e pela produção dos engenhos de açúcar.

Naqueles primeiros anos, além do Dom Ulrico – que acabou homenageando o prior Ulrico Sanntag, do Mosteiro de São Bento, também nome da praça vizinha à Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves – foram erguidos na João Machado o Instituto de Proteção à Infância (hoje Hospital São Vicente) e o Grupo Escolar Isabel Maria das Neves (hoje escola do ensino fundamental). Aos moldes de um boulevard, a avenida representou um marco na história de João Pessoa, homenageando, em seu batismo, o presidente do estado que lhe deu forma física.

A partir de então, tornou-se um símbolo da riqueza e do progresso da cidade, sendo transformada em centro de elegância e status. Os casarões erguidos na nova via eram residências magníficas (muitas ainda hoje de pé), pertencentes a agroprodutores, comerciantes e profissionais liberais. Esses casarões exibiam fachadas elaboradas, varandas espaçosas e interiores ricamente decorados, além de serem construções marcadas por recuos com relação à frente e às laterais dos terrenos, diferentemente das antigas casas conjugadas.

Não eram apenas moradias; eram símbolos do poder e da riqueza de seus proprietários. E, lado a lado com os casarões, as instituições construídas com esmero arquitetônico. Sobre o Dom Ulrico, por muito tempo atendeu aos órfãos sob os cuidados das religiosas da ordem de Santa Catarina de Sena, as quais, ao lado da educação cristã, mantiveram ali escolas e um pensionato para moças, aberto na década de 1950, segundo informações do Memória João Pessoa, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba.

Hoje o prédio do Dom Ulrico, cedido em comodato à Federação do Comércio da Paraíba, é administrado pelo Serviço Social do Comercio-Sesc e segue atuando na área da educação.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho