“Considerando que fomos um dos campeões do mundo em números de dias com escolas fechadas, os dados surpreendem: nossos recuos nas médias em cada área avaliada não estão entre os piores quando considerados os países com características e patamares prévios similares”, explica Olavo Nogueira Filho, diretor executivo da ONG Todos Pela Educação.
O Pisa avalia os conhecimentos dos estudantes de 15 anos de idade nas três disciplinas mencionadas. Nesta edição, o teste foi realizado por 690 mil estudantes de 81 países. Mais de 10 mil alunos de 599 colégios passaram pela avaliação, aqui no Brasil, em 2022.
Motivos para a estagnação
O diretor executivo da ONG Todos Pela Educação, Olavo Nogueira, vê duas hipóteses para essa estabilidade nos índices brasileiros no Pisa, apesar da pandmeia.
A primeira mostra que os esforços médios das redes de educação em 2022 podem ter tido algum efeito positivo para atenuar quedas maiores. A segunda é que os dados sugerem que o Brasil vinha melhorando seu desempenho nos últimos anos e os impactos da pandemia “neutralizaram” essa melhoria.
Na média geral, comparado a 2018, países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recuaram 10 pontos em leitura e 15 pontos em matemática, quedas nunca antes observadas no Pisa. Alemanha, Holanda e Noruega, com patamares prévios mais altos, puxam a queda.
Na América Latina, o Brasil está na frente de países como Argentina, Panamá e Guatemala na avaliação de matemática, que foi o foco do exame em 2022.
Na primeira posição se destaca Singapura, com a nota mais alta nas três áreas de avaliação. Outros países asiáticos como Japão, Macau e Taiwan também se revezam no topo do ranking.
Os países com resultados mais baixos apresentam uma mudança conforme a área do conhecimento. Em matemática, os últimos colocados são El Salvador, República Dominicana, Paraguai e Camboja.
Entenda a prova
O Pisa é uma avaliação internacional coordenada pela OCDE. No Brasil, quem realiza a aplicação é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e os resultados são divulgados a cada três anos.
Criada em 2000, a prova avalia jovens de 15 anos, pois este é a última faixa etária em que a maioria das crianças continua matriculada. Segundo os organizadores, a prova considera não apenas a capacidade dos alunos para reproduzir o material aprendido, mas também a sua capacidade de aplicar o conhecimento de forma criativa em contextos da vida real.
A prova é aplicada em um único dia, feita em computadores, e tem duas horas de duração. Cada edição foca em uma das três áreas de avaliação, e em 2022 foi matemática.