Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Academia de Acordeon Mário Mascarenhas, em João Pessoa - Por Sérgio Botelho

No sobrado que se vê na foto, situado à rua Treze de Maio, ao lado da agência da Caixa Econômica da Miguel Couto, funcionou durante as décadas de 1950, 1960, 1970 e parte da de 1980, a Academia de Acordeon Mário Mascarenhas, dirigida pela professora Osires Botelho Viana. A escola era nominalmente de acordeon, mas lá também se aprendia piano. E, em algum tempo, violão.

Foto: Internet

No sobrado que se vê na foto, situado à rua Treze de Maio, ao lado da agência da Caixa Econômica da Miguel Couto, funcionou durante as décadas de 1950, 1960, 1970 e parte da de 1980, a Academia de Acordeon Mário Mascarenhas, dirigida pela professora Osires Botelho Viana. A escola era nominalmente de acordeon, mas lá também se aprendia piano. E, em algum tempo, violão.

A referida escola de música pessoense me traz fortes recordações em virtude de lhe ter acompanhado a história bem de perto. Isso porque sua proprietária, diretora e professora mor era minha tia, que a gente chamava mais carinhosamente de Tia Zilinha. Não foram poucas as audições de final de curso na escola, às quais assisti no Teatro Santa Roza, onde concluintes se apresentavam compondo fantástico conjunto de acordeões.

Essas audições começavam com a belíssima Lenda do Beijo, composta em uma forma de música teatralizada espanhola, conhecida como zarzuela, executada pelas acordeonistas com uma marcação de palco bem ensaiada. Todas as moças em traje de baile. O negócio era elegante.

A escola alcançou fama para além de João Pessoa, chegando a se apresentar em audições nacionais, no Rio de Janeiro, comandadas pelo acordeonista e compositor Mário Mascarenhas (1917-1992), que mantinha uma espécie de franquia musical. Aproveitando o sucesso de Luiz Gonzaga e seu acordeon, no Brasil inteiro, Mascarenhas criou um método próprio para aprendizado do instrumento, fazendo sucesso rápido.

Há registro de que já na década de 1950, as escolas que acompanhavam o método Mário Mascarenhas contavam com cerca de 1.000 alunos no território nacional. Na época, a televisão em João Pessoa não passava de uma repetidora das TVs Rádio Clube e Jornal do Comércio, ambas no Recife.

Os programas de maior audiência dessas emissoras eram Você Faz o Show, comandado por Fernando Castelão, nos domingos da Jornal do Comércio. E, aos sábados, Noite de Black-tie, na Rádio Clube, apresentado por Luiz Geraldo e Barbosa Filho. Participar, nem que fosse como plateia, desses programas, era o máximo para qualquer um do próprio Recife, ainda mais sendo de João Pessoa.

Lembro bem que a Academia Mário Mascarenhas, da nossa capital (porque havia também em Campina Grande e Natal), chegou a se apresentar no Você Faz o Show, com transmissão para todo o Nordeste. Havia outras escolas de música em João Pessoa e até um conservatório.

Assim, numa cidade que sempre foi amante da música e em um tempo no qual se aprendia teoria musical normalmente na escola primária, bem como canto orfeônico.

Passou.

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polemica Paraíba