Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Antiga residência de governadores é marcante exemplar histórico - Por Sérgio Botelho

O prédio de número 275, nas Trincheiras, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), por meio do Decreto nº 8.629, de 26 de agosto de 1980, guarda os traços originais de quando foi residência oficial de dois presidentes do estado: João Machado (que governou a Paraíba entre 1908 e 1912) e João Castro Pinto (entre 1912 e 1915).

Foto: Internet

O prédio de número 275, nas Trincheiras, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), por meio do Decreto nº 8.629, de 26 de agosto de 1980, guarda os traços originais de quando foi residência oficial de dois presidentes do estado: João Machado (que governou a Paraíba entre 1908 e 1912) e João Castro Pinto (entre 1912 e 1915).

O responsável pela sua construção foi o comerciante Eduardo Fernandes (que agenciava seguros e serviços de exportação e importação de mercadorias e que chegou a se meter na política paraibana, sem muito sucesso), embora não tenha efetivamente ocupado o prédio. Ainda inconcluso, em 1909, com o Palácio da Redenção em obras que projetavam ser demoradas, o Estado comprou-o. Foi assim que o autorizador da compra, João Machado, e o próximo governador, Castro Pinto, ali residiram oficialmente.

Segundo o Memória João Pessoa, mantido pelo Departamento de Arquitetura da UFPB, Castro Pinto chegou a denominar a nova residência dos governadores de “Palacete Eduardo Fernandes”. Os referidos presidentes paraibanos tinham na vizinhança a fina flor do poder econômico de então, moradores das Trincheiras, representados principalmente por produtores e comerciantes de algodão e cana de açúcar.

Arquitetonicamente, volto a recorrer ao Memória João Pessoa, que apropriadamente descreve as características do prédio: “Considerada na época em que foi construída uma residência de alto padrão com nítidas características ecléticas, a edificação apresenta recuos laterais e frontal. As portas de acesso ao seu interior são deslocadas para a fachada lateral onde há alpendre cujos pilares eram em ferro fundido e, outrora, arrematado com lambrequins”.

Lembro bem de quando funcionava no prédio a Faculdade de Odontologia, aliás, durante bastante tempo, entre as décadas de 1950 até a última metade da década de 1970, quando o curso foi mudado para o campus universitário. Antes disso abrigou a Repartição Central do Serviço de Saneamento Rural.

Atualmente é sede do Núcleo de Arte Contemporânea da UFPB que, segundo o site oficial da entidade, desenvolve programação anual com trabalhos de artistas locais, nacionais e internacionais, além de mostras de videoarte, debates e encontros sobre arte. Vizinho fica o notável Teatro Lima Penante, parte do Núcleo de Teatro Universitário, também da UFPB, com frente para a João Machado.

Criado pelo fundamental ator, dramaturgo e diretor de teatro, Fernando Teixeira, o Teatro Lima Penante homenageia ator paraense do mesmo nome que, na Paraíba do início da segunda metade do Século XIX, fundou o Teatro Santa Cruz, no Largo das Mercês (onde hoje está o cada vez mais arruinado prédio da Igreja Presbiteriana, na Praça 1817). Mas esta é uma outra história.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba