Nesta quarta-feira (22), o Tribunal de Contas do Estado (TCE) divulgou que irá realizar inspeções especiais em secretarias do Estado e da Prefeitura de João Pessoa que destinaram recursos para o Hospital Padre Zé, que era comandado pelo Padre Egídio de Carvalho Neto, preso na última sexta-feira (17) durante a segunda fase da operação Indignus. O religioso é acusado de desviar cerca de R$ 140 milhões do Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana (ASA), ambas ligadas à Arquidiocese da Paraíba.
O TCE tomou essa decisão após concluir um relatório elaborado pelo setor de inteligência da Corte, que envolve convênios firmados entre as secretarias específicas das referidas administrações com o Instituto São José, mantenedor do Hospital Padre Zé. Os dados serão enviados à auditoria para que sejam instaladas as inspeções, e o TCE deverá analisar as respectivas prestações de contas, já que há informações de que os recursos repassados teriam sido usados para outros fins, diferentes das ações sociais.
O presidente do TCE recebeu visitas do arcebispo da Capital, Dom Manoel Delson Pedreira, e do novo diretor do Hospital Padre Zé, Padre George Batista, que pediram informações a respeito das contas da ASA e do Instituto São José, respectivamente. Ao mesmo tempo, solicitaram o apoio do Tribunal em relação aos procedimentos de fiscalização e transparência pública a serem adotados.
Uma investigação realizada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, apontou uma confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade da ASA e do Padre Zé com o padre Egídio, com uma grande quantidade de imóveis atribuídos sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão. As condutas indicam a prática dos delitos de organização criminosa, lavagem de capitais, peculato e falsificação de documentos públicos e privados.
O escândalo foi descoberto após a denúncia do desaparecimento de celulares doados ao Hospital Padre Zé pela Receita Federal do Brasil. Os equipamentos seriam leiloados para que os recursos fossem revertidos para a manutenção da instituição de saúde. Um funcionário do hospital chamado Samuel Rodrigues chegou a ser preso, mas teve a detenção convertida no cumprimento de medidas cautelares. Ele tentou fazer um acordo de delação premiada, mas ela não foi aceita pelo Ministério Público.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba