A cidade em festa

Marcos Tavares

Não sei se é meu DNA de pobre e meu senso crítico que se arrepia toda vez que vejo dinheiro público, o suado dinheiro dos impostos, jogado em festas. O nosso prefeito Cartaxo anunciou – com chapéu de palha – que a capital vai ter seu São João, e que artistas do quilate de Gilberto Gil, Mastruz com Leite e alguns nativos vão levar parte desses impostos para a alegria do povo. Na minha ótica míope pela pobreza hereditária, festa se faz quando tudo o mais está resolvido. Como se diz no interior, festa é pra quando a barriga está cheia, e a barriga dessa nossa capital anda bem vazia.

Poderá dizer algum forrozeiro mais exaltado que Campina Grande gasta um bom dinheiro no seu São João. Mas em Campina o São João traz dividendos, hotéis lotados, turistas com dinheiro e visitantes de todo o Brasil. Será que nosso São João tem esse dom? Será que podemos competir com lugares consagrados como Campina e Caruaru? Claro que não, nossa festa só traz despesas, despesas para uma Prefeitura festeira mas pobre, tão pobre que se vê às voltas com problemas triviais como pagar bem seus servidores e calçar ruas, tão pobre que sofre com a falta de um plano de mobilidade urbana e não consegue manter funcionando sua rede de saúde pública.

São João sempre houve, o povo se encarregava disso sem que fosse preciso queimar verba pública. Como os tempos mudaram, por que não convocar a iniciativa privada para entrar nesse forró, por que sempre tocar fogo no dinheiro do povo como se a vida fosse uma festa? A vida não é uma festa, ao menos aqui onde falta tudo, de moradia a segurança, de médicos a remédios, coisas que esse dinheirinho que a gente vai torrar no forró poderia ajudar a comprar. Pão e circo são uma máxima dos césares e quanto menos pão, mais circo para que o povo pense menos e sorria mais, mesmo que a fogueira seja feita com seu dinheiro.
Virtual
Repetidas vezes a coluna tem perguntado como andava o Jampa Digital e por que esse silêncio tumular a respeito do caso.Vem agora a Polícia Federal e rompe esse silêncio, já que a prefeitura ignora solenemente o assunto delicado,muito delicado.
Segundo investigações da PF, houve prejuízo ao erário no valor de 1,6 milhão e superfaturamento de uma obra que nunca funcionou e nem atendeu o que dela se esperava.
A PF se apressa em dizer que o ministro Aguinaldo Ribeiro, hoje das Cidades, não está citado no processo mesmo sendo à época o secretário da área. E agora José?

 

Palavras
Cada um fala o que lhe aprouver. É essa a regra da democracia. Por isso tivemos de ouvir Rosas, presidente da legenda socialista, dizer que a única vaga garantida na chapa da reeleição é a do governador.
Alguém faz fé ou aposta em Rosas num embate dele com Cássio e o grupo Cunha Lima? Com quantos votos Rosas segurará seu parecer?
Tem horas em que o silêncio é de ouro.
Honra

Não sou campinense, aliás nem gosto de futebol. Mas o nosso Campinense fez bonito contra o Flamengo e caiu de pé, lutando.
O que mostra que futebol levado a sério dá resultados.
Cubanização
Sempre com opiniões e legendas divergentes, os deputados Ruy Carneiro e Vital Filho são unânimes em condenar a contratação de médicos cubanos para trabalhar no Brasil.
Eles podem entender de charutos, mas de medicina…

Cadeia
O STF nega liberdade a juiz, advogados e delegado presos na operação que investigava sentenças graciosas.
O caso toma cada dia rumos mais graves.

Local
Dá pra entender? Só na Paraíba, exclusivamente nessa nossa terrinha, a Rede Globo perde para uma concorrente.
Brigar com a realidade é uma tarefa inglória.

Verde
Analistas, eleitores, politiqueiros estranham a ida de Agra para o PV, um partido com pouca representatividade e quase sem presença no Estado.
Há até quem diga que isso é uma cortina de fumaça para abafar uma reconciliação com os girassóis.

Ordem
O vereador Lucas Brito fala alto na Câmara Municipal e exige mais transparência. Segundo ele, os vereadores votam às cegas sem sequer saber a Ordem do Dia.

 

Frases…
Viajando – O problema da viagem das drogas é que ela não tem passagem de volta.
Cardápio – Uns trabalham para ganhar o pão. Outros a manteiga.
Zoológica – A maioria das gatinhas acabam virando peruas.