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Paraíba sedia Simpósio Internacional sobre HTLV no Brasil a partir desta quarta-feira

Foto: Reprodução

A Paraíba vai sediar, a partir de quarta-feira (25) até sexta-feira (27), o 16º Simpósio Internacional sobre HTLV no Brasil, com o tema “Criando Redes para o Cuidado Integral às Pessoas Vivendo com HTLV(PVHTLV)”, debatendo os principais avanços em políticas públicas e pesquisas necessárias para o enfrentamento da infecção pelo vírus e doenças associadas com foco no cuidado integral às pessoas vivendo com HTLV – vírus da mesma família do HIV. O evento será realizado no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa, pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Ministério da Saúde, Fiocruz e as Secretarias de Estado da Saúde da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

O Simpósio acontece a cada dois anos, desde a estreia, em 1988 e, dessa vez, espera-se que continue sendo o maior fórum de discussão e divulgação sobre o vírus, já que há uma previsão de participação de 350 pessoas inscritas, incluindo estudantes de graduação e pós-graduação, sociedade civil (PVHTLV e ONGs), pesquisadores, gestores e profissionais de saúde. As inscrições podem ser feitas pelo https://simposiohtlv2023.com.br/ ou pessoalmente, na área de credenciamento do evento.

De acordo com a pesquisadora da Fiocruz/PE e fundadora do canal no Instagram @htlvbrasil, Clarice N. Lins, o HTLV é um vírus negligenciado que muitos desconhecem, inclusive profissionais de saúde. “Teremos a participação de portadores que vão mostrar como é viver com o vírus. Além disso, vamos discutir avanços nas políticas públicas de enfrentamento ao vírus, especialmente na transmissão vertical (da mãe para o filho), que ocorre, principalmente na amamentação. Vamos falar dos avanços nas pesquisas, nas terapias e as medidas necessárias para a prevenção. Como por exemplo para a mãe diagnosticada com o vírus, a nossa recomendação é que não amamente e, diante disso, o governo garante fórmula láctea infantil para evitar a transmissão vertical”, adiantou.

O HTLV (vírus T-linfotrópico humano) é um vírus que pertence à mesma família do HIV, o vírus causador da Aids. Ele atinge os linfócitos T, ou seja, as células de defesa do organismo. Não tem nenhum tratamento para matar o vírus. Só existe tratamento para os sintomas das doenças causadas pelo HTLV. O Simpósio pretende envolver os pesquisadores e profissionais de saúde para divulgar a conscientização para a implantação da linha de cuidado.

Segundo a chefe do Núcleo de IST/Aids da SES, Joanna Ramalho, a Paraíba está implantando a linha de cuidado para HTLV no estado, com o diagnóstico feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PB), priorizando as gestantes no pré-natal de alto risco atendidas na Maternidade Frei Damião, para a prevenção da transmissão vertical. “Este evento trará todo o suporte de conhecimentos, discussões para que os profissionais de saúde envolvidos na Linha de Cuidado se capacitem, pois a nossa intenção é que ela seja ampliada para todo estado. Conforme o projeto piloto avance, o serviço será expandido para a agregação familiar, como filhos e outros parentes”, ressaltou. Os exames são coletados na Frei Damião e processados pelo Lacen-PB e, caso a amostra seja reagente para HTLV, é feita na notificação compulsória via sistema estadual ( SISGEVS).

O diretor do Lacen-PB, Bergson Vasconcelos, destaca que, até o momento, a Paraíba não realizava o rastreamento do HTLV em grupos vulneráveis, apenas em doadores de sangue. “A ampliação do rastreamento para os demais grupos constitui uma importante medida de controle de transmissão. Frente a esse novo cenário, o Lacen-PB realizou um estudo técnico-administrativo que desencadeou na articulação interinstitucional envolvendo as unidades da SES: Lacen-PB, Hemocentro-PB, Central de Transplantes-PB e Maternidade Frei Damião, para a implantação do diagnóstico pela metodologia de eletroquimioluminescência, que possibilita a ampliação da triagem, de forma a abranger os doadores de órgãos e tecidos, além das gestantes de alto risco e a execução de testes confirmatórios para o HTLV, por western blot, uma técnica molecular capaz de diferenciar genotipicamente os diferentes sorotipos virais, principalmente HTLV1/HTLV2”, explicou.

Bergson disse ainda que é possível afirmar que todas essas ações deixaram o laboratório apto a executar uma rotina segura para as instituições demandantes, com possibilidade de expansão a posteriori, contribuindo na implantação da vigilância deste agravo na Paraíba, mantendo o compromisso do time Lacen/PB em expandir e consolidar a política de vigilância laboratorial por meio do que há de melhor e mais confiável nos ensaios de alta complexidade laboratorial.

Programação

Durante os três dias do 16º Simpósio Internacional sobre HTLV no Brasil, pesquisadores e professores de diversas instituições brasileiras e estrangeiras apresentarão palestras de temas ligados ao vírus. No primeiro dia (25), o tema será “Capacitação em Cuidado Integral às Pessoas Vivendo com o HTLV”, com Dra. Adele Caterino (Instituto Adolfo Lutz – SP); Dr. Antonio Vallinoto (UFPA); Dra. Paula Magalhães (UPE); Dra. Ana Verena (EBMSP-BA); Dr. Evandro Almeida (PB); Adijeane Oliveira de Jesus (HTLVida – BA); Ricardo Henrique (Paciente HTLV – PE); Dra. Mirna Biglioni (Argentina); Dr. Augusto Penalva (SP); Dra. Marzia Puccioni (RJ); Dr. José Abraão Carneiro Neto (BA); Dra. Fernanda Grassi (BA); Dra. Paula Loureiro (UPE).

No segundo dia (26), “Acompanhamento da Gestante Infectada pelo HTLV e do Recém-nascido”, com Dra. Clarice Lins (Fiocruz/PE); Dra. Carolina Rosadas; Dra. Tatiane Assone (SP); Dr. Bernardo Galvão (EBMSP-BA); Dra. Sandra Gallego (Universidad Nacional de Córdoba – Argentina); Dra. Edel Barbosa Stancioli (UFMG); Dra. Sheila Nunes (UFBA).

No terceiro e último dia (27), o tema será “Epidemiologia da Infecção pelo HTLV no Brasil”, com os palestrantes Dr. Jorge Casseb (USP); Dr. Ricardo Ishak; Dra. Ana Rita Coimbra (Fiocruz/MS); Dra. Larissa Bandeira (MS); Dra. Aide Nunes (EBMSP-BA); Dra. Mirna Biglione (Inbirs UBA-Conicet – Argentina); Dra. Angélica Miranda (MS-DF); Dra. Camila Dantas (SES-PE) e Joanna Ramalho (SES-PB).

Fonte: Secom-PB
Créditos: Secom-PB