A história do Santuário de Nossa Senhora da Penha, na praia do mesmo nome, em João Pessoa, começa em 1763. Naquele ano, uma embarcação, sob o comando do português Silvio Siqueira, enfrentou duras batalhas contra um tempo muito ruim nas proximidades da atual Praia da Penha, então denominada Praia de Aratu. Diante da real possibilidade de naufrágio, o comandante rezou para Nossa Senhora da Penha, prometeu erguer uma igreja no ansiado local de salvação e, ato contínuo, todos conseguiram desembarcar na praia.
Sãos e salvos, e gratos à santa, Siqueira e a tripulação cumpriram a promessa e, na parte mais alta do terreno, edificaram uma capelinha em louvor a Maria. Tornou-se o terceiro templo católico dedicado à Nossa Senhora da Penha, no Brasil, sendo o primeiro em Vila Velha, Espírito Santo, entre 1558 e 1570, e o segundo no Irajá, Rio de Janeiro, em 1635. (Normalmente, as igrejas dedicadas à essa denominação de Maria são mesmo construídas no alto. Assim, desde que encontrada uma imagem de Nossa Senhora enterrada numa serra chamada Penha de França, na Espanha, pelo monge Simão Vela.
O religioso teria sido levado até ela a partir de um sonho.) Desde então, o culto à Nossa Senhora da Penha somente cresceu, nessa parte do litoral pessoense. Com o tempo, o templo construído naquela praia de Parahyba do Norte tornou-se um destino de peregrinação para fiéis de todo o país e até mesmo do exterior, o que garantiu um influxo de visitantes capaz de beneficiar a economia local. A preservação e promoção da história ligada à igreja também contribuíram para o turismo cultural. Tempos depois, entre 1945 e 1951, foi construída uma escadaria, com 148 degraus, visando permitir à comunidade da Penha, lá embaixo, nos terrenos mais próximos da praia, acesso à capela. O prédio inicial da capela acabou bastante ampliado desde 1763, a exemplo de um espaço maior e mais moderno para celebrações e uma casa de velas, também chamada de capela dos milagres. (Não sem motivos, há quem veja como resultado das novidades arquitetônicas a descaracterização da construção original). A escadaria virou espaço para dolorosos cumprimentos de promessas.
Mas, rotineiramente, cenário de muita movimentação entre a praia e a parte mais alta da Penha. E, como não poderia deixar de ser, por conta da movimentação, findou apropriada ao funcionamento de algum comércio, principalmente para a venda de material religioso. Em conversa que tive com um dos comerciantes da Penha, ele me falou de um cidadão que quase todo os dias utiliza a escada para descer e subir várias vezes, como forma de se exercitar. Soube, porém, que a prática é muito comum, e não apenas no sentido de subir e descer a escadaria. Além disso, estágios da estrutura arquitetônica são utilizados para exercícios diversos, quase que substituindo uma academia de verdade. Todos os anos, há séculos, uma procissão atravessa a cidade de João Pessoa, saindo da Igreja de Lourdes, no centro da capital paraibana, até o Santuário da Penha. O percurso tem cerca de 14 quilômetros e é oficialmente conhecido como Romaria da Penha.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba