Veneziano e Zé vão pra cima de Cássio

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Gilvan Freire

O processo de beatificação política de Cássio pode ter chegado a seu ponto máximo. Até agora, Cássio cresceu o quanto pôde, favorecido pelo seu próprio carisma, pelo que lhe favorecem as atitudes equivocadas de Ricardo Coutinho, e pelo que sobra do imobilismo da oposição.

O PT, que tem mais zuada que votos, está encurralado pelo governo do Estado que, além do mais, tem o apoio de setores petistas, especialmente dos liderados do padre Luiz Couto, alguns atraídos pelo que mais gostam: emprego público. O próprio padre, que agora pede tardiamente para Cartaxo lhe aceitar como aliado, vai comungando da mesma prática dos políticos profanos: servir a dois senhores ao mesmo tempo – Dilma e Ricardo Coutinho (e ainda buscando um 3º lugar na igrejinha de Cartaxo que, por enquanto, lhe recebe com a vassoura de expulsar sapos na mão). Agradar a Dilma, RC e ao PT num só tempo, a essas alturas (tendo em conta as brigas entre o PT e o PSB), é obra de grande equilíbrio que só um sacerdote aprendido como o padre Luiz Couto consegue. Ele lembra o que um famoso violeiro disse sobre o Padre Serrão, do antigo clero de Pocinhos: “ – Padre Serrão é esperto e em nenhum laço cai; na carta que ele aprendeu não tem S – A – I – sai só tem V – E – M – vem, e falta V- A – I – vai”.

EMBORA MUITOS PETISTAS NÃO FALEM MAL DE CÁSSIO (alguns votaram nele pro governo, e outros em Maranhão, recentemente, dividindo o mercado de empregos oficiais, numa espécie de biombo profissional), o PT se prepara para combatê-lo, porque ele é o maior cabo eleitoral no Estado e um líder decisivo no possível confronto entre Dilma, Aécio e Eduardo Campos, os dois últimos amigos pessoais e da mesma geração do Senador.

Ricardo Coutinho, que não perde uma hora de sono pelos males que tem feito aos políticos e aos servidores públicos, não tem conseguido dormir ultimamente, por causa dos festejamentos à liderança de Cássio, feitos especialmente por setores aliados do seu governo e uma legião de eleitores, hoje descontentes. As declarações de Cássio, ora de apoio claro a RC, ora de reticências e condicionalidades, são muito parecidas com as que Ronaldo fazia durante o primeiro governo de Zé Maranhão, que resultaram num rompimento definitivo.

RC DÁ SINAIS DE INQUIETAÇÃO (ele só se perturba com quem pode engoli-lo de uma vez), e já começa a usar a palavra-chave da ruptura: “coerência”, a fim de fustigar as idas e vindas de Cássio com relação ao apoio do PSDB à sua reeleição. Se a desconfiança que há entre os dois, hoje, chegar integralmente ao conhecimento público, a crise estará no nível de uma guerra. Disse RC, nesse final de semana, já dando o tom, que de sua parte os compromissos assumidos estão sendo cumpridos com muita “coerência”.

Cássio vive numa ilha de calmaria rodeada de tempestades por todos os lados. É disso que vai se aproveitar o PMDB, seu velho partido mas carrasco dos últimos tempos, que tem em Veneziano e Zé Maranhão os mais atilados líderes anti-cassistas da história política recente da Paraíba. Os dois estão limpando e municiando as armas e começam a treinar seus exércitos a começar por Campina, descendo pelo interior. É a coluna Prestes, ou seja, prestes a atacar. Será dessa insurreição contra o imobilismo que o tabuleiro do jogo vai balançar muito. É a partir daí que outras peças vão se movimentando, enquanto o jogo vai sendo jogado.