Os que se entenderam de gente de 1933 para cá, na capital paraibana, somente conhecem por meio de fotografias o que existia antes do monumento que hoje se destaca na parte central da Praça João Pessoa. Para os que não viram ainda nem sequer foto da praça no período anterior àquele ano, segue a informação.
Antes do atual conjunto de estátuas o que havia era um belo e providencial coreto que levava os parahybanos a memoráveis retretas sobre as quais ainda vamos contar a história. Inicialmente, segundo documento acadêmico da UFPB, a partir de 1889, passou a compor o cenário um primeiro coreto, sem informações de detalhes. Em 1914, um segundo coreto de fabricação francesa substituiu o primeiro.
Em 8 de setembro de 1933, então, foi inaugurado o monumento atual, em solenidade prestigiada pelo próprio presidente Getúlio Vargas. Afinal de contas, Vargas só estava no poder, após ser derrotado pelo paulista Júlio Prestes na eleição de 1º de março de 1930, por conta da morte de João Pessoa. É que o assassinato do paraibano, que compunha a chapa de Vargas na condição de candidato a vice-presidente, causou um alvoroço de tal ordem no Brasil, uma vez que interpretado como crime político, que provocou a chamada Revolução de 1930 (para muitos, um dos golpes perpetrados ao longo da nossa história).
“Eu chego a ficar vexado como quem abre as portas de uma casa pobre a hóspedes de honra”, discursou na condição de orador oficial o ministro José Américo, então titular da pasta de Viação, ao poderoso visitante Getúlio, perante uma multidão da cidade inteira e tropas perfiladas e colégios alinhados e banda militar tocando a ocuparem, tudo junto, a Praça João Pessoa e adjacências. Não sem antes terem assistido a belas e emocionantes acrobacias feitas por aviões da Marinha de Guerra do Brasil, antecipando os feitos de nossa atual Esquadrilha da Fumaça, não mais um destacamento da Marinha, mas da Força Aérea Brasileira.
Assim, desde os idos de 1933, ao invés de um coreto o que se encontra na praça João Pessoa é um monumento cívico intitulado Altar da Pátria, de exaltação à figura de João Pessoa, bastante visitado pelos turistas, cuja descrição a seguir é do próprio artista criador, o paulista Humberto (nascido Bartolomeu) Cozzo, na época com 32 anos, mas já ostentando dois prêmios conquistados, um em São Paulo e o outro no Rio de Janeiro, no campo da arte escultórica: “[…] iniciando-se por uma ampla base de 14 metros por 10, fazendo com que parte integrante da praça, elevase o monumento por uma harmonia de blocos sobrepostos à altura de 10 metros.
Nas partes lateraes do monumento dois grupos grandiosos e symétricos como requer o conjunto, symbolizando em syntese, os dois traços culminantes da vida gloriosa do grande vulto que se vae homenagear: ACÇÃO e CIVISMO. O primeiro representado por duas figuras masculinas que sustentam em seus braços vigorosos uma bigorna, symbolo do trabalho e actividade, guiados pela figura alada do gênio.
O outro, duas figuras determinadas de combatentes, dispostos à luta em defeza de seus ideaes, symbolizarão o “Civismo”. Na parte superior do monumento uma figura enérgica empunhando a bandeira da Parahyba e o braço direito distendido em synal de protesto, symbolizarão a célebre phrase: Nego. Na parte anterior, em attitudes serena e natural, a estátua ao grande brasileiro, tendo em seus ombros, como complemento decorativo, a toga de magistrado.
Nas extremidades lateraes da base, dois bancos que serão executados em granito, completa (sic.) o monumento”. (A citação, tal qual, é do ipatrimônio, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba).
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho