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DA CORRUPÇÃO AO ABUSO SEXUAL: relembre os casos mais polêmicos envolvendo líderes religiosos da Paraíba e do Brasil

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã da última quarta-feira (20), a operação "Falso Profeta", que investiga pastores golpistas que fizeram mais de 50 mil vítimas. O pastor, Osório José Lopes Júnior é apontado como líder de um esquema que contava com dezenas de lideranças religiosas e é considerado foragido.

Foto: Marcelo Júnior / Polêmica Paraíba

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã da última quarta-feira (20), a operação “Falso Profeta”, que investiga pastores golpistas que fizeram mais de 50 mil vítimas. O pastor, Osório José Lopes Júnior é apontado como líder de um esquema que contava com dezenas de lideranças religiosas e é considerado foragido.

Este caso traz à tona a crescente preocupação com o envolvimento de líderes religiosos em atividades criminosas no Brasil. Vários nomes famosos do cenário religioso do país já foram notícia devido a seu envolvimento em crimes que vão desde desvio de dinheiro até abuso sexual e homofobia.

Um dos casos recentes envolve o pastor Péricles Cardoso de Melo, acusado de estelionato contra fiéis da igreja Assembleia de Deus, em João Pessoa. O Ministério Público da Paraíba solicitou a prisão preventiva do religioso, após a Polícia Civil concluir que ele teria recebido indevidamente cerca de R$ 2 milhões de aproximadamente 30 vítimas.

Confira abaixo alguns casos de grande repercussão, com envolvimento de religiosos, na Paraíba e no Brasil:

NA PARAÍBA

Padre Rui Braga – acusado de abuso sexual

O padre Rui da Silva Braga, foi afastado de suas atividades religiosas em janeiro de 2019 após ser citado em uma reportagem do programa Fantástico da Rede Globo, onde um ex-funcionário o acusava de pedofilia. Na época da reportagem o padre negou as acusações e disse se as vítimas estivessem falando a verdade, elas não teriam escondido o rosto.

Em julho de 2020, por falta de provas o religioso foi inocentado e reintegrado à Arquidiocese da Paraíba pelo arcebispo Dom Delson.

Monsenhor Jaelson Alves de Andrade – acusado de abuso sexual

Monsenhor Jaelson Alves foi por cerca de dez anos o sacerdote responsável pela Igreja Nossa Senhora Aparecida, no bairro Jardim 13 de maio em João Pessoa. Ele também foi pároco da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, no Centro da Capital. O padre foi afastado das  suas funções na igreja após ser acusado de exploração sexual, mas foi inocentado e seu processo foi arquivado segundo a Arquidiocese.

Monsenhor Ednaldo Araújo -acusado de abuso sexual

Monsenhor Ednaldo Araújo era responsável pela paróquia da Santíssima Trindade, no bairro Valentina Figueiredo. O religioso chegou a ser diretor do Centro Cultural São Francisco, no Centro, e do Instituto Dom Adauto, na capital paraibana. Ele foi afastado das suas funções na igreja ao ser citado no escândalo envolvendo diversos padres da capital. Ele foi inocentado por falta de provas e voltou a exercer suas atividades religiosas.

Pastor Robson Fernandes – abuso do poder religioso e fake news

O pastor da cidade de Campina Grande, Robson Fernandes ameaçou expulsar fiéis que votarem no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das Eleições 2022, que aconteceu no dia 30 de outubro de 2022. A fala do religioso foi compartilhada nas redes sociais e gerou polêmica.

“Eu estou procurando saber de todos os membros da igreja quem vota na esquerda, porque membro dessa igreja não vai ser, nem vai ficar em departamento dando aula para criança ou adolescente, porque isso é uma incoerência. Se não está gostando, procure outra igreja para você. Tem pastor por aí que defende o PT. Pode ir. Aqui, não! ‘Ah o senhor agora é bolsonarista?‘ Me chame do que você quiser”, disse o pastor Robson Fernandes, da Igreja Nova Vida.

No discurso, o líder religioso também reproduziu informações falsas — e já contestadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB) —, como implantação de banheiros unissex e defesa do aborto e das drogas.

Samuel Mariano

O pastor e cantor Samuel Mariano abalou o meio gospel. Ele que era presidente da AD Brás João Pessoa precisou renunciar o cargo após ser acusado de envolvimento com uma das diaconisas da sua igreja. Com áudios, e mensagens de textos comprometedoras a situação do pastor não é das melhores, e abalou os fieis que frequentavam a igreja. Monalisa Feitosa a mulher que confessou que teve um envolvimento amoroso com o pastor afirma que além das provas já expostas, outras estariam em suas posse, o que fez com que pessoas ligadas ao cantor lhe oferecessem R$ 1o mil pelo seu silêncio.

Padre Antônio Evandro de Oliveira – Homofobia

Durante uma missa realizada em janeiro de 2021, o padre Antônio Evandro de Oliveira, da Paróquia de Livramento, ligada à Diocese de Patos, Sertão paraibano, falou cheio de preconceito e discriminação contra a população LGBTQIA+, especialmente as pessoas trans. O religioso comentou uma matéria sobre duas crianças que seriam registradas sem o sexo na certidão de nascimento, para que a decisão do sexo fosse decidida por elas quando crescessem.

“Isso é uma aberração, gente! Como é que pode uma coisa dessas? Estão cegos? Não estão vendo se homem ou mulher a criança? Querem negar o que Deus criou?”, disse o padre.

“Tudo bem se a pessoa se sente mulher, que o seja, se sente, mas ela não é mulher. Não que eu sou mulher, que quero ser mulher. Não, tem isso não. Você quer ser, mas você não é mulher coisa nenhuma. Você é porque você quer ser. Mas na verdade fisicamente você não”, afirmou.

NO BRASIL

Padre Robson – Desvio de dinheiro

O Padre Robson e outras 17 pessoas se tornaram réus em dezembro de 2020, após a justiça aceitar a denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). Eles foram acusados dos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem do dinheiro ofertado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).

Os promotores de Justiça afirmam que o padre comandava a suposta organização criminosa e transferia grandes valores para empresas, com o objetivo de utilizar o dinheiro das entidades como seu, sem prestar contas nem se submeter às regras associativas.

Bartolomeu da Silva Paz – Orgia e abuso sexual

Bartolomeu da Silva Paz, ex-padre da Paróquia Monte Serrat, no Largo da Batata foi acusado de praticar orgias gays dentro da igreja. De acordo com testemunhas as festas eram regadas a sexo, música e bebida alcoólica. O religioso foi acusado por um jovem que disse ter sido abusado por ele na casa paroquial quando tinha 17 anos. A vítima afirma que sofreu ameaças de morte e era obrigado a ter relações sexuais com Bartolomeu.

Em abril de 2018, o padre foi proibido de celebrar missas públicas, podendo atuar ‘apenas’ de forma reservada. As denúncias que envolvem as orgias e violências cometidas pelo padre Bartolomeu são de conhecimento do Vaticano desde 2019. Uma carta foi encaminhada ao Papa Francisco pelo advogado da vítima, que não obteve resposta.

Silas Malafaia – corrupção

O famoso pastor já foi indiciado por alguns crimes, mas o seu maior envolvimento foi com a corrupção. Além de ter muitas falas de caráter preconceituoso contra pessoas LGBTQIA+, negros e outras minorias, o líder evangélico foi indiciado, em 2017, pela Polícia Federal (PF) no esquema de corrupção na cobrança de royalties para exploração mineral.

Seu nome foi apontado como um dos incitadores de fake news e crimes contra a humanidade no relatório final da CPI do Genocídio, liderada por Renan Calheiros (MDB-AL), que investiga a atuação do governo Jair Bolsonaro (Sem partido) na pandemia da Covid-19.

Flordelis

A cantora gospel e ex-deputada federal pelo Rio de janeiro, Flordelis dos Santos de Souza foi condenada pelo plenário da Câmara dos Deputados à perda do mandado por coagir testemunhas e ocultar provas na investigação do assassinato do seu ex-marido, do qual ela é a principal suspeita.

Bispo Marcello Crivella – lavagem de dinheiro

O ex-prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella é bispo licenciado pela Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho de Edir Macedo. Ele teve seu nome envolvido em documentos encontrados Ministério Público do Rio que mostram indícios de lavagem de dinheiro envolvendo a prefeitura da cidade. Segundo os documentos, foram detectadas movimentações atípicas no valor de quase R$ 6 bilhões de reais.

Edir Macedo – desvio de dízimos

Dono da Rede Record de Televisão e amigo próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o também líder da Igreja Universal do Reino de Deus é diretamente envolvido nos crimes, mas os pastores de sua organização, além do seu sobrinho Crivella, estão sendo investigados em um esquema de desvio de dízimos no valor de R$ 3 milhões de reais.

João de Deus – abusos sexuais

Condenado por abusos sexuais contra uma série de mulheres — foram realizadas mais de 300 denúncias — enquanto realizava supostos atendimentos religiosos. João de Deus cumpre pena desde 2018, mas, devido a pandemia da Covid-19 o líder religioso deixou o presídio de Aparecida de Goiânia para cumprir pena domiciliar. João de Deus é condenado pelos crimes de posse ilegal de arma de fogo, abusos sexuais e violação sexual mediante fraude.

Esses casos destacam a importância da investigação e da transparência nas organizações religiosas e levantam questões sobre o papel e a conduta de líderes religiosos na sociedade brasileira. A sociedade civil, autoridades e as próprias igrejas têm a responsabilidade de investigar e combater qualquer atividade criminosa relacionada a instituições religiosas, garantindo a justiça e a proteção dos direitos das vítimas.

 

Fonte: Adriany Santos
Créditos: Polêmica Paraíba