Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: O fascinante Cine Rex - Por Sérgio Botêlho

No tempo que as salas de cinema exerciam forte poder de atração na cidade, uma delas particularmente encantava os pessoenses. Falo do Cine Rex, na esquina da rua Peregrino de Carvalho (para onde se voltava a sua entrada, de algum requinte) com a Duque de Caxias. Assim, de frente para a sede central do Cabo Branco (que já foi Clube dos Diários) e ao lado da Igreja da Misericórdia, de sempre. Expressou-se em uma construção marcada pela Art Déco e que muito embelezou a cidade naquele momento.

Foto; Sergio Botelho

No tempo que as salas de cinema exerciam forte poder de atração na cidade, uma delas particularmente encantava os pessoenses. Falo do Cine Rex, na esquina da rua Peregrino de Carvalho (para onde se voltava a sua entrada, de algum requinte) com a Duque de Caxias. Assim, de frente para a sede central do Cabo Branco (que já foi Clube dos Diários) e ao lado da Igreja da Misericórdia, de sempre. Expressou-se em uma construção marcada pela Art Déco e que muito embelezou a cidade naquele momento.

Na verdade, o Rex derivou de reforma no Cine Teatro Rio Branco, ali existente, planejada e executada pelo arquiteto Giovanni Gioia. Para a época, a década de 1930, o projeto causou alvoroço. Em concreto armado e em dois pavimentos, a construção se impôs como destaque na arquitetura de João Pessoa. O termo “Rex” em latim significa “rei”, o que propõe grandeza e majestade. Na primeira metade do século XX era comum nomear salas de cinema com palavras que sugeriam grandiosidade, luxo e esplendor, como “Palace”, “Royal”, “Imperial” e “Rex”.

Esses nomes ajudavam a criar uma imagem de magnificência e atraíam o público para as salas de cinema. O “Grand Rex” em Paris, por exemplo, inaugurado em 1932, na mesma época do seu homônimo pessoense, continua sendo uma das salas de cinema mais famosas do mundo, com forte atração local e turística. Logo, o Rex pessoense se tornou um dos principais pontos de encontro da cidade. Filas enormes podiam se formar até o Ponto de Cem Reis, numa das bilheterias, ou alcançando a General Osório, na outra, quando da exibição de filmes famosos.

Como aconteceu no caso das produções sobre a imperatriz austro-húngara Sissi, com a bela atriz Romy Schneider. Também as matinais de domingo do Rex foram outro grande atrativo, no caso para crianças, com seus faroestes e seriados. Antes das sessões do domingo as crianças vendiam e trocavam gibis na calçada. Ou permutavam figurinhas dos álbuns que eram editados em sequência interminável no país. O cinema funcionou ininterruptamente por décadas, mas fechou um dia, do mesmo jeito que todas as salas de cinema de rua, em João Pessoa, frente a dificuldades com o advento da televisão, além de outras inúmeras atrações que iam aparecendo na cidade que teimava em se modernizar. O fenômeno, a bem da verdade, foi nacional.

Mais modernamente o prédio chegou a servir como agência do HSBC. Não é mais. Contudo, a parte de cima de suas fachadas frontal e lateral guarda o modelo original. Uma vista que nos acresce a saudade. Como é bom andar a pé por João Pessoa e redescobrir nossas histórias escondidas um tempo de nós por nós mesmos. Tenho feito isso!

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polemica Paraíba