Entre os limites que serviram de marco para a expansão de Parahyba do Norte rumo ao litoral, destaque-se o sítio Cruz do Peixe, inicialmente uma propriedade da Ordem dos Beneditinos. Tomou esse nome, segundo vasculhadores da história pessoense, por conta de ali vigorar um entreposto de venda de peixe.
A mercadoria era fisgada no mar pelos pescadores da praia de Santo Antônio, em Tambaú. O antigo sítio envolve a área em que está construído o Hospital Santa Isabel, nas imediações da Epitácio Pessoa e da Praça da Independência. Porém, o marco mais famoso de Cruz do Peixe vem da estação de bondes que ali funcionava, justamente, a Estação de Cruz do Peixe que, no processo evolutivo da urbe, virou o atual prédio da Energisa, local de atividades culturais altamente prestigiado na cidade.
Além da estação de bondes da capital dali também saia, a partir de 1906, o primeiro meio de transporte mais rápido com destino a Tambaú. Inicialmente, até a Imbiribeira (Tambauzinho), na altura do atual Grupamento de Engenharia. Depois, até a praia, após vencidas as dificuldades impostas pelo terreno que ladeia o rio Jaguaribe, na atual Avenida Rui Carneiro. Era a maxabomba, uma locomotiva bem rudimentar barulhenta e poluidora movida a óleo.
Como o prédio veio parar nas mãos da Energisa? É que, a partir de 1910, ali se instalou a Empresa de Iluminação e Viação Elétrica da Capital – EIVL”, posteriormente denominada de “Empresa Tração, Luz e Força – ETLF”. A partir daquela data a referida empresa, de origem paulista, não apenas passava a ser responsável pela administração do sistema de transporte coletivo de Parahyba do Norte, onde se incluíam os bondes e o trem para Tambaú, como também tinha a seu encargo instalar o serviço de energia elétrica da capital.
O local então comportou uma usina de produção de eletricidade. Nessa condição, passou às mãos da empresa de economia mista Saelpa (Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba), em 1964. E que, no ano 2000, foi vendida em leilão para a Energisa, que se tornou proprietária do histórico prédio.
Sem mais serventia enquanto usina de energia elétrica, em 2003 passou a funcionar, por decisão da empresa e apoio da sociedade civil e das instituições oficiais, como usina de arte e cultura, sob o nome de Usina Cultural Energisa. E virou um sucesso danado!
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba