Corriam os anos de 1916 e 1917 quando o arquiteto italiano Pascoal Fiorilo projetou e construiu, na esquina da rua Nova (General Osório) e da atual Guedes Pereira, o prédio que acabou servindo ao Grupo Thomaz Mindello. O responsável pela obra havia chegado bem recentemente à Parahyba do Norte, junto com outro arquiteto, Hermenegildo di Láscio, ambos contratados pelo governo Camilo de Holanda (1916-1920). O homenageado com o nome do educandário, quando a utilização se consumou, foi um pernambucano radicado na Paraíba desde os 8 anos de idade, respeitado professor do Lyceu e membro de uma junta governativa que administrou o estado após a Proclamação da República, em novembro de 1889, antes da posse de Venâncio Neiva. À época de Camilo de Holanda, a cidade de Parahyba do Norte experimentou significativo processo de desenvolvimento, ainda mais acelerado em virtude da ascensão, em 1919, do umbuzeirense Epitácio Pessoa à Presidência da República. O boom do algodão paraibano, que chegou a ser o estado maior produtor da commoditie, no Brasil, completava o quadro favorável ao progresso da capital. Os grupos escolares na Paraíba, cujo movimento foi iniciado pelo Thomaz Mindello, representavam o esforço da República no setor educação, com foco no ensino primário. Para tanto, dentro de uma perspectiva cívica, em conformidade com os ideais do novo regime. Um dos objetivos era o de edificar espaços físicos inteiramente projetados para serem escolas. Dessa maneira, substituir a prática majoritária, até então, de o ensino ser ministrado em locais improvisados, como, por exemplo, as casas dos próprios professores. As construções destinadas à educação, por conta do planejamento arquitetônico, a cargo de profissionais gabaritados, acabavam também por embelezar e criar ares de modernidade à cidade em crescimento. Por fim, uma curiosidade que sugere contradição com um dos fortes objetivos dos grupos escolares: o prédio do Thomaz Mindelo foi projetado por Fiorilo para sua própria moradia, mas imediatamente vendido ao estado para fins do referido grupo escolar. Como resultado de uma série de reformas, apenas obedecendo ao estilo eclético projetado pelo arquiteto italiano, é que ele acabou, no início da década de 1930, totalmente adaptado ao ensino. Embora já cumprindo seu mister desde a época da entrega do prédio, após adaptações iniciais promovidas por Fiorilo. (Um arremate de cunho pessoal e puramente emotivo: foi aí que fiz o meu Jardim de Infância).
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho