A culpa de todos nós

Marcos Tavares

Latinamente gostamos de dividir a culpa. Nossa formação judaico/cristã nos enche de pecados e nos leva a carregar a cruz que não é nossa. Isso vale plenamente para o caso dos menores assassinos que estão no centro do furacão das discussões sobre maioridade. Sempre que um menor mata, mutila, espanca ou queima uma de suas inúmeras vítimas, nos chegam pessoas e organizações para perdoar esse menor lembrando que ele nasceu numa favela, não comeu bem, não teve educação nem valores morais. Assim socializa-se a culpa e o menor volta para as ruas para delinquir novamente.

Claro que seria tolice tentar ignorar nossa perversa divisão de renda, mas igualmente perverso é querer retirar a culpa individual de cada cidadão e jogá-la num cômodo coletivo onde cabe tudo. Temos milhares de pobres e nem todos eles matam para viver nem matam para roubar. Assim, quem matou, quem violentou, quem ofendeu tem sua culpa individualizada e deve ser punido individualmente, pois não se pode colocar a sociedade na cadeia, mas pode-se e deve-se punir o infrator tanto para que ele não reincida como para que pague o crime.

Esse comportamento acabou por criar no brasileiro uma desconfiança com os chamados direitos humanos, pois eles nunca pugnam pela vítimas mas estão sempre dispostos a perdoar e ajudar os ofensores. Somos um país onde a família do criminoso recebe ajuda do Governo e da vítima passa fome. Chega dessa culpa que não nos cabe, chega de procurar desculpas para uma violência indesculpável que somente cessará com uma ação forte e efetiva do Estado.

Sangue
É incrível como o apelo familiar é forte nos políticos nacionais e especialmente nos paraibanos. Foi só Cartaxo conseguir sentar na cadeira de prefeito e seu irmão gêmeo, Lucélio, já começa a enveredar pela política e pretende uma vaga na Câmara Federal.
Nada contra as pretensões de Lucélio, cidadão brasileiro em gozo dos seus direitos, inclusive o de se candidatar a um cargo eletivo. Tudo contra essas capitanias familiares que dominam a cena da política paraibana onde sobrenomes valem mais que os nomes.
Ter um irmão Prefeito não credencia ninguém a representar seu Estado ou sua cidade. São criaturas diferentes que possuem em comum apenas o sobrenome e o desejo de poder.
Cartoriais
Os vereadores da cidade, sob a justificativa de que estariam beneficiando a oposição, vetaram em bloco a intenção do Prefeito Cartaxo de reduzir de 50% para 30% as benesses dadas aos cartórios.
Algo de muito grave deve ter acontecido para que os senhores vereadores insistam em desafiar o poder executivo e manter essa incrível bondade para com os donos de cartórios que não se estende ao devedor comum.
Passaram escritura e recibo de que alguém ao menos tem rabo preso nesse lobby.
Segurança

Tem inteira razão o Sindicato dos Bancários ao exigir que os bancos invistam mais em segurança.
Eles contabilizam lucros fabulosos, mas não garantem nem a integridade de seus clientes nem de seus bens.
Emenda
Como diz o ditado, foi pior a emenda do que o soneto. A nota veiculada pelo PMDB para explicar a não convocação de Wilson Filho acaba por taxá-lo de mentiroso.
Uma clara indicação de que ele não tem mais espaço na sua legenda.

Dilema
O vice Rômulo Gouveia num dilema atroz. Seu partido, o PSD, fechou questão quanto ao apoio a Dilma em todo o Brasil.
Só que por aqui, Rômulo tem seus amigos e correligionários todos na oposição a Dilma. Como ele se safará dessa?

Lixo
Vez em quando nossa brava Câmara Municipal tem um surto de besteira. O último foi do vereador Felipe Leitão que quer multas para quem suja as ruas.
Como isso será feito, quem vai fiscalizar quem?

Fumacê
Quem trabalha honestamente ganha salário mínimo de cerca de R$ 600.
Já quem fuma crack em São Paulo vai ter uma ajuda para internação de R$1.500. Viva o Brasil!

Estórias
Quatro mulheres prisioneiras por dez anos sem que nem a vizinhança suspeitasse nem elas escandalizassem?
Tá bom. Eu acredito.

Frases…

Garibaldi – Bons tempos aqueles em que a única heroína era Anita Garibaldi.
Filosofando – Filosofia não faz feira, mas ajuda a explicar a fome.
Duvidoso – Duvide sempre. A sabedoria nasce da dúvida não da certeza.