opinião

Rua Duque de Caxias na perspectiva pessoal e histórica - Por Sérgio Botelho

Autor: Desconhecido

A diária utilização da rua Duque de Caxias, nos tempos da infância e início da juventude, não me permitia alcançar nada sobre o enredo da histórica rua. Para mim, nas décadas de 1950 e 1960, tudo se resumia àquela cotidiana passagem quando do retorno de aulas no Pio XII ou no Lins de Vasconcelos, em tempos diferentes.

Já na época os colégios da cidade tinham o péssimo hábito de não ter em seus currículos muita coisa sobre a história de nossa João Pessoa. No máximo, sobre a figura histórica, sempre em tons de exaltação. Me limitava a contar esquinas até chegar em casa, no caminho de volta da escola. Porque a ida acontecia normalmente pela Visconde de Pelotas (homenagem a um comandante gaúcho que lutou na Guerra do Paraguai). Morei, desde o nascimento até por volta dos 16 anos, na Arthur Aquiles (nome de notável e combativo jornalista entre final do Século XIX e início do XX, natural de Pedras de Fogo), uma das vias urbanas pessoenses que liga a mesma Visconde de Pelotas à Treze de Maio.

Naquele tempo, essa curtíssima via despontava entre os antigos prédios da Padaria Paraibana e do Pronto Socorro, bem próxima do Cine Plaza. Mamãe chamava a Duque de Caxias de Rua Direita, embora não mais. Com o passar dos anos e os estudos, geralmente por conta própria, pude descobrir o porquê de minha mãe nomeá-la assim. Afinal, foi com essa alcunha que surgiu.

A Duque de Caixas tinha três denominações primordiais: Direita, do conjunto franciscano até a Igreja da Misericórdia, melhor dizendo até o Beco da Misericórdia (contemporaneamente, rua Peregrino de Carvalho); rua da Baixa, do referido beco à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (um dia arruinada pelo poder público), dito com outra referência, até o Beco do Rosário (ou contemporaneamente a Guedes Pereira); e rua do Colégio ou São Gonçalo, dali ao conjunto jesuítico (onde hoje vogam a Faculdade de Direito e o Palácio do Governo), ou em outras palavras, até o Largo da Igreja do Colégio, atualmente Praça João Pessoa.

Com o passar do tempo, virou tudo Rua Direita, e posteriormente Duque de Caxias, militar inscrito entre os heróis da pátria. As marcas que delimitaram a origem da Duque de Caxias reforçam a importância que tiveram as construções religiosas para o traçado da urbe na capital paraibana, principalmente na cidade alta, onde pontificam tanto a rua Direita quanto seus emblemas católicos em alvenaria. Por hoje é isso. Bom domingo a todos!

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho