Adesismo chega ao auge com Afif

Christina Lemos

Com a indicação para ministro de Dilma Rousseff, Afif Domingos finalmente confirmou seu bordão de campanha de 24 anos atrás, “Juntos chegaremos lá”, lançado para embalar sua candidatura à presidência da República. O DNA fisiológico do político já estava expresso no apelo do então candidato, que acompanhava o slogan com uma mímica um tanto ridícula, inventada para atrair a atenção e, quem sabe, ser repetida pelo eleitor. Foi um fiasco eleitoral, mas um sucesso de marketing que tornou Afif conhecido nacionalmente, embora alvo de chacota.

De lá para cá, o empresário mostrou obstinação em galgar degraus importantes na política, sem jamais abandonar sua marca. Afif tem lado neste palco: está à direita do cenário. Mas para entrar no governo petista de Dilma se dispõe a manter a bizarra e insustentável dupla função de ministro e vice-governador de São Paulo.

Sua entrada pela porta da frente no time de primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff é a confirmação cabal de que nem o DEM resistiu ao adesismo. Antes dele, o ex-carlista e também ex-democrata César Borges já havia estreado, com pompa, o tapete vermelho estendido por Dilma para os neo-aliados.

Afif assume um ministério que a rigor não deveria passar de uma secretaria subordinada à pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, mas se transforma no principal interlocutor de Dilma junto à certa fatia do empresariado paulista, agregando poderão partido de Kassab, o PSD.

Seguindo o método de Lula, Dilma chega ao seu ministério de número 39 – e passa a precisar de um auditório para reunir a equipe. Na verdade, a esta altura, pouco importam as quase quatro dezenas de ministros. A presidente concentra poder de forma inédita entre seus antecessores. Boa parte deste pelotão é de cabos eleitorais e o petismo mostra estar disposto a fechar os olhos para sua origem.