Sabemos que para sobreviver à política é preciso muita parcimônia e resiliência, mas também não se pode deixar ser tratado como trouxa. O que vem à baila essa semana é o alerta permanente do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado Adriano César Galdino de Araújo (Republicanos), de que o governador João Azevedo (PSB) tem que ter um partido para chamar de seu.
É preciso entender o porquê de o parlamentar insistentemente, em suas entrevistas, fazer questão de dar ênfase a esse assunto. Antemão, digo que esse recado não é à toa, pois quem milita em política há muitos anos já adquiriu o feeling de entender como é a convivência com os “cobras” (espertos) e realmente é preciso ficar atento.
Na presente situação, enquanto o governador João Azevedo se concentra em suas ações para gerir a Paraíba, Adriano César Galdino de Araújo, presidente do Poder Legislativo, convive diariamente com mais trinta e cinco deputados na Assembleia Legislativa, além de deputados federais e senadores. Numa breve comparação, entre os dois comportamentos políticos, é claro que Adriano Galdino está mais bem informado sobre o que acontece nos bastidores da política do que o governador João Azevedo. E embora o governador tenha um acervo incontestável de bons assessores, Adriano Galdino possui um relacionamento mais direto.
A verdade é que nessas entrevistas em que o parlamentar apresenta muita franqueza, ele sempre tem chamado a atenção do governador João Azevedo, numa demonstração inequívoca de quem sabe o que está por vir mais que não quer criar embaraço, apenas espera uma reflexão mais apurada do mandatário paraibano em relação ao seu próprio futuro político.
Como não tem sido diferente, na última sexta-feira (25), Adriano voltou a tocar na mesma tecla quando durante entrevista no Sistema de Rádio Arapuan, quando disse, mais uma vez, que se o governador João Azevedo não quiser passar por maus apuros no futuro, ele deve ter um partido para chamar de seu. De forma indireta, ele chamou atenção pelo fato de o presidente do PSB, atual partido do governador, ser comandado pelo deputado federal Gervásio Maia (PSB), a quem caracterizou como pessoa de difícil convivência além de revelar que em alguns momentos Gervásio ficou lhe devendo alguns compromissos.
Perante a narrativa apresentada, o deputado Adriano Galdino demonstrou nas entrelinhas de sua fala que há algumas rusgas entre os políticos, e que se João Azevedo não abrir os olhos, poderá ficar sozinho quando chegar as eleições, e essa foi sua preocupação como prova de lealdade.
O presidente do Poder Legislativo paraibano, sem tergiversar, alertou o governador João Azevedo quando de sua possível renúncia em 2026, já que em sua opinião “as coisas têm que ficar amarradinhas com os Ribeiros, de que não poderá haver dois Ribeiros na chapa majoritária, pois caso aconteça, e a senadora Daniella Ribeiro (PSD) venha para a reeleição, João Azevedo corre sério risco de perder a disputa, pois Hugo Motta e Veneziano vêm muito forte”.
Diante de tudo isso, observa-se que o governador João Azevedo, mesmo ocupando a cadeira mais importante da Paraíba, terá que amadurecer a ideia de se afastar do governo em março de 2026. O que se espera com as palavras sinceras e objetivas do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba é que o governador possa aumentar seus contatos diretos com a classe política da Paraíba, principalmente sua base política, para que caso venha a deixar o governo, tenha uma eleição consolidada, sem atropelos.
Cuidado, Governador, preste atenção às sábias palavras do experiente deputado Adriano Galdino, pois o homem tem uma vida cheia de superação, não é fácil sair de vendedor de bombom para se tornar presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba. Quem avisa, amigo é.
Quem viver, verá!
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba