Antes de falar sobre a volante instituição que hospeda, vou me ocupar do imóvel. Da distinta e andarilha entidade, pretendo fazê-lo ainda. O prédio em questão não é tão antigo quanto a geolocalização que lhe marca a presença urbana, mas já é mais que centenário, e no mesmo lugar, apesar de algumas intervenções físicas durante sua existência. De fato, quando começou a ser construído, em 1874, segundo datação feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba-Iphaep, a esquina proclamada para abrigá-lo já se destacava urbanisticamente na capital paraibana há quase três séculos. Falo do ponto de encontro entre as ruas Nova (atual General Osório) e o Beco da Misericórdia (atual rua Peregrino de Carvalho). Aliás, uma esquina que continua bem prestigiada pela população, nos dias de hoje.
A edificação é reconhecidamente fruto dos esforços dispensados ao projeto pelo paraibano de Alhandra, Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, mais famoso pelo título de Barão do Abiahy. Esse cidadão, para quem não sabe, governou não apenas a Província da Paraíba, por duas vezes (entre 1873 e 1876, e depois, em 1889, no lusco-fusco da Monarquia, por alguns meses), mas também as do Rio Grande do Norte, do Piauí e do Maranhão. Isso mostra o quanto de prestígio ele desfrutava junto a quem fazia essas nomeações, no caso o governo imperial, de quem acabou recebendo a baronia (que não chega a ser um título nobiliárquico tão importante quanto o de visconde ou de conde ou de marquês ou de duque, mas já diferencia o portador com relação ao povo em geral e até outras autoridades menores em distinção).
Foi durante o primeiro governo dele, na Paraíba, que a empreitada teve início, naquele longínquo 1874. E foi ainda com alguma parte de seu dinheiro pessoal que a construção foi entregue em 1886, após um certo período de interrupção. Com características neoclássicas, o insigne prédio, além da Escola Normal, seu objetivo primeiro, acolheu aulas de alfabetização, a Justiça, pela primeira vez a nossa biblioteca pública, o jornal A União e, outra vez, até os dias atuais, a biblioteca. Dessa forma, um prédio para ser mimado pelos poderes públicos e por nós outros, que, daqui ou de outras terras, amam a cidade de João Pessoa e sua longa história.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba