POLÊMICA

Presidente da Federação Espanhola diz que beijo foi 'consentido' e descarta sair do cargo: "Não vou renunciar"

(Foto: Reprodução)

O presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales disse, nesta sexta-feira, (25), que não irá renunciar o cargo e afirmou que “lutará até o fim” após uma semana de pressão crescente após o beijo na jogadora espanhola Jenni Hermoso.

Rubiales anunciou a medida surpresa – após relatos de que planejava renunciar – em um discurso no qual tentou justificar seu comportamento e atacou os críticos durante uma reunião extraordinária da assembleia geral da federação.

O presidente do Conselho do Desporto de Espanha (CSD) e o seu Secretário de Estado do Desporto, Victor Francos, confirmaram posteriormente que o CSD tomaria medidas contra Rubiales, levando o caso ao Tribunal Arbitral do Desporto.

“Você acha que este [incidente] é tão grave que eu deveria ir, depois da melhor gestão da história do futebol espanhol? Deixe-me dizer: não vou renunciar. Não vou renunciar. Não vou renunciar.”

“Estou sob muita pressão. Talvez alguém tente me remover na segunda-feira. Mas vivemos em um país de leis. Um beijo consensual é suficiente para me remover? Vou lutar até o fim. Eu espero que a lei seja seguida e que, como não há razão para [me remover], isso não aconteça.”

Rubiales fez um extenso relato de suas ações após a vitória da Espanha na final da Copa do Mundo feminina, que incluiu agarrar a virilha logo após a vitória e o beijo não solicitado nos lábios de Hermoso durante a cerimônia de entrega da medalha.

“Em um momento de euforia, agarrei aquela parte do meu corpo. Eu estava olhando para o [técnico] Jorge Vilda. Passamos por muita coisa este ano. As pessoas queriam fazer com [Vilda] o mesmo que estão fazendo comigo, com uma narrativa falsa. Fiquei muito emocionado e perdi o controle. Devo pedir desculpas à Rainha, à Infanta e à Casa Real. Minhas sinceras desculpas.”

No entanto, Rubiales – eleito presidente da RFEF em 2018 – não admite qualquer irregularidade em relação ao beijo.

“Meu desejo naquele momento era exatamente o mesmo de estar beijando uma de minhas filhas. Nem mais nem menos. Todo mundo entende isso. Foi um beijo espontâneo, mútuo, eufórico e consensual. Essa é a chave.”

“[Hermoso] havia perdido um pênalti. Tenho um ótimo relacionamento com todos os jogadores… No momento em que Jenni chegou, ela me levantou do chão. Quase caímos. Nos abraçamos. Eu disse ‘Esqueça o pênalti, você foi fantástica, não teríamos vencido a Copa do Mundo sem você.’ Ela disse: ‘Você é ótimo.’ Eu disse ‘Um beijo?’ e ela disse: ‘Sim’.”

“A partir do ‘não é grande coisa’ e tudo mais, aí começa a pressão, o silêncio da jogadora e uma declaração [de Hermoso] que não entendo. mim, eles estão tentando me matar.”

Rubiales passou a chamar seus críticos de “falsas feministas”.

“Precisamos saber a diferença entre verdade e mentira”, disse ele. “Estou dizendo a verdade. O falso feminismo não busca justiça ou verdade, não se importa com as pessoas… [Vários políticos] usaram termos como violência sexual, agressão. O que farão as mulheres que foram abusadas sexualmente?”, questionou.

“Essas pessoas estão tentando me assassinar e eu vou me defender. As falsas feministas destroem as pessoas… A imprensa, em sua maioria, vai continuar me matando, mas eu sei a verdade, e o que minha família e as pessoas que me amam, pensam. A verdade é a verdade.”

Por outro lado, Hermoso negou que o beijo foi feito com consentimento e pediu ‘medidas exemplares’ contra o dirigente.

“Por parte da FUTPRO, expressamos nossa firma e total condenação a condutas que atentam contra dignidade das mulheres”, dsse o sindicato, em comunicado.

“Nossa associação pede que a RFEF implemente todos os protocolos necessários, interceda pelos direitos das nossas jogadores e adote medidas exemplares”, seguiu.

“É essencial que nossa seleção, atual campeã do mundo, esteja sempre representada por figuras que projetem valores de igualdade e respeito em todos os âmbitos”, salientou.

“É necessário continuar avançando na luta por igualdade, uma luta que nossas jogadores vêm liderando com determinação, levando a posição em que nos encontramos hoje”, complementou.

O comportamento de Rubiales após a vitória da Espanha na Copa do Mundo em Sydney gerou críticas, tanto nacional quanto internacionalmente, com a FIFA anunciando na quinta-feira que iniciaria um processo disciplinar.

Rubiales inicialmente rotulou seus críticos de “idiotas”, mas depois apresentou um pedido de desculpas.

O primeiro-ministro em exercício da Espanha, Pedro Sánchez, classificou essa resposta como “insuficiente e inadequada”, enquanto a segunda vice-primeira-ministra em exercício, Yolanda Diaz, pediu a renúncia de Rubiales.

Rubiales tem sido uma figura controversa ao longo do seu mandato como chefe do órgão dirigente do futebol espanhol.

Ele demitiu o técnico da Espanha, Julen Lopetegui, às vésperas da Copa do Mundo masculina de 2018 e levou a Supercopa da Espanha para a Arábia Saudita, tendo o então jogador ativo Gerard Piqué como parceiro de negócios.

A RFEF também enfrentou críticas pela forma como tratou as reclamações de 15 jogadores espanhóis sobre o técnico Jorge Vilda e o apoio da federação à seleção feminina.

A resposta de Rubiales foi apoiar Vilda. Três das 15 disputaram a Copa do Mundo após algumas alterações, sete se recusaram a participar e cinco não foram selecionados.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: ESPN