Veneziano tenta neutralizar adversários

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Nonato Guedes

Pré-candidato do PMDB ao governo do Estado em 2014, o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, avalia estratégias para neutralizar o poder de fogo de pelo menos dois concorrentes em potencial: o governador Ricardo Coutinho (PSB) e o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP). Coutinho conta com o reforço do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) para se infiltrar junto ao eleitorado de Campina, o segundo maior colégio do Estado. Para garantir seus espaços, o gestor socialista deverá reservar vagas para o PSDB na vice-governança e no Senado, e não é improvável que o vice seja de Campina. Dois nomes pontificam para a vaga: o do atual prefeito Romero Rodrigues e o do seu vice, Ronaldo Cunha Lima Filho. Mas Cássio, que tem ascendência dentro do PSDB e influência marcante em Campina, pode alterar esse desenho dependendo de conveniências estratégicas que serão levadas em conta no momento oportuno.

Sem dispor do controle da prefeitura, Veneziano, que governou por oito anos a Rainha da Borborema, terá que ceder a vice ao representante de outra cidade ou região do Estado. João Pessoa desponta como lugar privilegiado por ser o reduto principal de Ricardo Coutinho. Há articulações para emplacar o ex-prefeito Luciano Agra como companheiro de chapa de Veneziano. Mas Agra, além de ter origem em Campina Grande, não transmite conforto de que possa vir a transferir votos na capital, até porque na eleição de 2012 perdeu a indicação no PSB para ser candidato à reeleição e teve que se acostar a Luciano Cartaxo, do PT, afinal ungido no confronto decisivo com o senador Cícero Lucena, do PSDB. Não há outros nomes disponíveis, por enquanto, para a vice de Veneziano e que tenham identificação profunda com João Pessoa, o que atrapalha os passos do ex-prefeito de Campina Grande para se mover no cenário à vista. O PMDB não conseguiu consolidar alianças frutíferas para 2014. Embora o ex-governador José Maranhão ainda trabalhe com a perspectiva de composição com o PT, os petistas estão mais próximos de Aguinaldo Ribeiro do que de Veneziano.

Teoricamente, a indicação de um representante do sertão, brejo ou cariri, poderia oxigenar a pretensão de Veneziano, mas isto não teria o mesmo peso equivalente à escolha de um representante de João Pessoa, sobretudo quando o cenário projeta a recandidatura de Ricardo Coutinho com o apoio do grupo do senador Cássio Cunha Lima. “O PMDB está em palpos de aranha, receoso de sofrer um duro revés no maior colégio que é a capital”, admite um interlocutor do partido, aludindo às dificuldades de Veneziano para se consolidar no páreo firmemente. Daí porque é recorrente, em alguns setores do PMDB, a hipótese de relançamento de José Maranhão como candidato ao Palácio da Redenção, pela capacidade que teria de aglutinar apoios ou desestabilizar esquemas adversários, não obstante Maranhão ter acumulado derrotas em 2006, 2010 e 2012.

A questão da definição da chapa peemedebista para 2014 está sendo discutida com muita cautela, internamente, não só na Paraíba, mas na instância nacional. Já houve quem sugerisse que Veneziano, ao invés de concorrer ao governo, dispute um mandato de deputado federal, na vaga atualmente ocupada pela sua mãe, Nilda Gondim. No dizer de uma fonte qualificada, seria um mecanismo de sobrevivência política para Veneziano, que ainda tem muito chão a percorrer até ser ungido oficialmente candidato do PMDB e, na seqüência, comprovar que é favorito no páreo. Peemedebistas que evitam se expor temem o que chamam de rolo compressor do governador Ricardo Coutinho, que está investindo na atração de lideranças municipais e celebrando parcerias com prefeitos filiados a outras agremiações. Na definição desses peemedebistas, Coutinho simboliza o poder real, enquanto Veneziano desponta como uma incógnita. “O ex-prefeito acena com perspectiva de poder, enquanto Ricardo detém o poder nas mãos”, resume um deputado estadual que acompanha o desenrolar das tratativas para a eleição de 2014. Independente desses fatores, a candidatura de Veneziano é tida como irreversível, para o bem ou para o mal, ou seja, para a vitória ou para a derrota. Mas é evidente que o ex-prefeito não embarcará numa aventura que lhe seja desfavorável, o que intensifica a indefinição sobre o cenário que, afinal, vai prevalecer no próximo ano.