A operação da Polícia Federal Halving que busca investigar como o esquema da Braiscompany conseguiu transformar o dinheiro em espécie recebido de seus clientes – ou bens valiosos – em criptomoedas chegou ao doleiro Joel Ferreira de Souza, segundo a PF, a empresa de criptomoedas contava com a ajuda de Joel para operacionalizar o formato. As informações são do blog Pleno Poder, de João Paulo Medeiros, do Jornal da Paraíba.
Ele não está na lista de denunciados pelo MPF, mas foi alvo de uma outra fase da investigação – denominada de Trade-Off. A etapa ostensiva da ação aconteceu no mês passado e cumpriu mandados de busca nos Estados de São Paulo e Sergipe.
“A IPJ n. 36/2023 retrata detalhadamente como ANTÔNIO NETO e FABRÍCIA CAMPOS valiam-se dos serviços prestados pelo “doleiro” Joel Ferreira de Souza para movimentar, transferir e dissimular a localização, a destinação e a propriedade dos recursos financeiros”, relata a denúncia do MPF.
“Em outra negociação, realizada em 31/1/23, já analisada no item referente a ANTÔNIO NETO, mais uma vez, há elementos concretos de que MIZAEL MOREIRA atuou, em conjunto com GESANA ALVES, em uma operação financeira realizada com o “doleiro” Joel Ferreira de Souza, consistente na conversão de R$ 200.000,00 em espécie para criptoativos”, diz outro trecho da denúncia.
Para levar o dinheiro até o doleiro o casal contou com a ajuda de Gesana Alves – uma das 13 pessoas denunciadas até agora pelo MPF.
“Em seu depoimento policial, GESANA ALVES admitiu ter, em apenas uma ocasião, pego uma mala de dinheiro na casa do casal e levado para a sede da empresa. No entanto, há elementos que demonstram que ela movimentava habitualmente recursos em espécie para o escritório de Joel Ferreira de Souza.
Em um dos casos, o doleiro ficou responsável pela conversão de R$ 5 milhões – em espécie – em criptoativos.
“Em 18/2/22, CLÉLIO CABRAL e ANTÔNIO NETO voltam a tratar da operação, oportunidade em que CLÉLIO CABRAL informa que ela foi subdividida em uma transferência de R$ 1.500.000,00, um cheque de R$ 3.450.000,00 e depósito de R$ 50.000,00 na conta acima indicada”, afirmam os investigadores.
“Em razão do fato de ter havido depósito em dinheiro – prática que não é adotada por Joel Ferreira de Souza, ANTÔNIO NETO se desculpa com o “doleiro” e informa que já alinhou com o seu consultor (CLÉLIO CABRAL) para que o erro cometido não se repita”, narra a denúncia do MPF.
Clélio também foi denunciado pelo MPF. Ele atuava como broker da empresa.
Em depoimento à Polícia Federal, porém, ele afirmou que por acreditar na Braiscompany chegou a investir parte de seu patrimônio no empreendimento e acabou, também, prejudicado. “Minha vida não se resume a dois anos em que fui colaborador da Braiscompany. Eu me sinto lesado e enganado duplamente”, assinalou.
O caso
A Braiscompany, de propriedade de Antônio e Fabrícia Ais, é suspeita de praticar um esquema de pirâmide financeira e causar um prejuízo calculado em mais de R$ 2 bilhões.
A empresa, investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), foi alvo de diversos mandados de busca e apreensão no âmbito das Operações Halving e Select. Contra o casal existem mandados de prisão, mas eles conseguiram fugir da polícia e são considerados foragidos.
Réus
Na última terça-feira (08), o juiz Vinícius Costa Vidor, da 4ª Vara da Justiça Federal em Campina Grande, aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Antônio Ais Neto e Fabrícia Ais, casal dono da Braiscompany. A empresa de criptomoedas é investigada por calote contra milhares de consumidores. Outras 11 pessoas também foram denunciadas.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Jornal da Paraíba