Estela se prepara para uma revanche à prefeitura

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Nonato Guedes

O planejamento estratégico do esquema político do governador Ricardo Coutinho (PSB) sinaliza com o lançamento de Estela Bezerra, secretária de Comunicação Institucional do Estado, a um mandato à Assembléia Legislativa no próximo ano. A tática consiste em aproveitar a visibilidade que ela alcançou na disputa para a prefeitura de João Pessoa no ano passado, na qual ficou em terceiro lugar, mas obtendo uma performance que surpreendeu analistas políticos e neutralizou veteranos de disputas como o ex-governador José Maranhão (PMDB). Até então, Estela, oriunda de movimentos sociais e feministas, não tinha passado pelo crivo das urnas. Adversários do governador Ricardo Coutinho empenharam-se em desgastar a sua administração, num leque que abrigou de Maranhão a Cícero Lucena, passando por Luciano Cartaxo, pelo ex-prefeito Luciano Agra e pelo ex-secretário de Comunicação do governador, Nonato Bandeira.

A despeito de toda essa artilharia, Estela emergiu como um fenômeno, que poderia ter tranquilamente sido alçada ao segundo turno, não fossem as divergências que pontuaram sua campanha no arraial socialista. No final das contas, obteve cacife. Foi avaliada como credenciada para outros voos políticos e não faltou quem especulasse que ela poderia figurar como candidata a vice na chapa da reeleição de Ricardo Coutinho ao governo no próximo ano, configurando-se, assim, a composição puro sangue. Nesse ponto, avançou-se demais o sinal. Ainda que Estela tenha adquirido a performance que exibiu, o governador, que foi mentor da sua candidatura, desafiando prognósticos internos, depende crucialmente da aliança com o PSDB, sobretudo com o senador Cássio Cunha Lima, para tornar exitoso o projeto de recondução ao Palácio da Redenção. Estela terá que ser sacrificada na chapa majoritária de 2014 em nome dessa necessidade de sustentação ou ampliação de apoios para configurar a ambição de Coutinho com vistas à sua reeleição. Deverá, então, postular um mandato legislativo, e no interior do Estado já há prefeitos, até de outras legendas, dispostos a encampar a candidatura de Estela, desde que o governo viabilize contrapartidas de realizações de obras e carreamento de benefícios. Isto vale, por exemplo, para gestores do DEM. Ou para aliados do vice-governador Rômulo Gouveia, encastelados no PSD. O arco de alianças que o governador vem construindo para pavimentar sua reeleição pode surpreender, segundo fontes palacianas, invocando interesse de adesão de lideranças do próprio PMDB, que não se sentem motivadas a apostar fichas na candidatura de Veneziano Vital, ex-prefeito de Campina Grande.

Na campanha municipal para a prefeitura de João Pessoa, que em 2012 foi atípica diante do esfacelamento sofrido pelo antigo “Coletivo Ricardo Coutinho”, Estela chamou a atenção pela desenvoltura com que se pronunciou sobre temas de interesse público e, particularmente, sobre questões ligadas a João Pessoa. Mas ela havia investido numa espécie de aprendizado quando ocupou a secretaria de Planejamento da prefeitura da capital, ainda ao tempo de Ricardo Coutinho, sendo mantida por Luciano Agra até o momento em que este rompeu com o “criador” da sua incursão na seara política. Agra não chegou, sequer, a se registrar como candidato à reeleição. Cometeu o erro de cálculo de pagar para ver a queda de braço nas hostes socialistas, e foi inapelavelmente defenestrado, em prévia partidária, pelo rolo compressor montado por Ricardo Coutinho. A saída de emergência para o arquiteto campinense foi declarar apoio à candidatura de Luciano Cartaxo, depois de oficializar o seu desligamento dos quadros do PSB. Com a vitória de Cartaxo, Agra sentiu-se o grande vitorioso, espécie de fator decisivo na empreitada que opôs o petista ao senador Cícero Lucena no segundo turno.

A recandidatura de Estela à prefeitura de João Pessoa está condicionada, umbilicalmente, à reeleição de Ricardo Coutinho ao governo no próximo ano. Mas as articulações direcionam nesse sentido e são reforçadas pelo prognóstico aleatório (já que não há pesquisas cientificamente comprovadas) de que RC seja reeleito ao Palácio da Redenção, o que não quer dizer que não seja competitivo. Tudo está sendo traçado de forma pragmática, conforme revela uma fonte com acesso privilegiado ao governador. Da parte de Estelizabel, a disposição é máxima no sentido de encarar outros desafios políticos que lhe sejam delegados.