O Brejo da Paraíba é a região com maior potencial de crescimento no estado e essa realidade tem sido evidenciada, seja por meio de projetos culturais estruturais ou mesmo por iniciativa dos empresários dos setores de hotelaria e gastronomia Na abertura da Rota Cultural Caminhos do Frio, na noite da segunda-feira (03), em Areia, os discursos foram de total otimismo em relação não apenas em função da realização da 16ª edição em 18 anos – o projeto ficou parado por dois anos em função da pandemia da Covid-19 –, mas principalmente pela revolução que vem ocorrendo na região.
O governador da Paraíba, João Azevêdo, arrematou um comentário feito pelo superintendente do Sebrae da Paraíba, Luiz Alberto Amorim. O executivo destacou o programa do governo estadual de asfaltar as estradas da Paraíba ligando todos os municípios por via terrestre. “É importante destacar o que o Governo do estado tem feito em infraestrutura com o projeto de ligação de estradas permitindo maior segurança de circulação das pessoas de uma cidade para a outra. O Brejo hoje está todo interligado via asfalto e isso é muito importante para que o fluxo aconteça permanentemente”, afirmou Amorim.
De acordo com ele, no começo do projeto poucas cidades tinham ligação via asfáltica com as outras. “Então, esse projeto cultural – o Caminhos do Frio – foi diretamente impactado e beneficiado com o programa do governo de asfaltar as estradas para que todas as cidades tivessem interligação com as outras”.
O governador afirmou, já na manhã da terça-feira (04), que não tem dúvidas de que o Caminhos do Frio vai ser sucesso muito grande nessa nova edição. “Não tenho dúvida de que o apoio e o suporte que o governo do estado está dando, inclusive financeiramente, será um diferencial esse ano e logicamente a mobilidade urbana da região é diferente”, afirmou.
João Azevêdo deu alguns exemplos, como a estrada que liga Dona Inês a Bananeiras, a estrada que liga Serraria a Arara, a estrada que está sendo executada de Serraria para Solânea. “Você tem a estrada de Pilões até Borborema. Tudo isso facilita em muito o deslocamento das pessoas dentro do Brejo e logicamente favorece o evento. Eu espero que o Caminhos do Frio seja muito maior do que os realizados nos últimos anos” pontuou o governador.
Municípios prontos e preparados
Mas ao chegar nas 10 cidades que integram a rota cultural, que será desenvolvida ao longo de 70 dias, os turistas encontrarão municípios prontos e capacitados para atender todas as demandas. Porém, conforme Regina Amorim, gestora de Turismo do Sebrae da Paraíba, no começo não era bem assim.
”No início do projeto não havia nem meio de hospedagem e, com a evolução do projeto, os meios de negócios começaram a surgir e a ideia de transformar as atividades em cada cidade durante uma semana passou a ser um grande diferencial importante, essencial para o surgimento de nossos equipamentos para atender a demanda de mais turistas ano a ano”.
Segundo Regina Amorim, também é interessante destacar que durante todo o projeto há uma mídia espontânea n0s 70 dias de atividades culturais passando pelas 10 cidades, dando vitrine para toda a cadeia produtiva, divulgando o potencial turístico e econômico de cada município.
Para Luiz Alberto, a grande importância do Caminhos do Frio foi que ele se tornou o grande motor da movimentação do Brejo e fazer com que a região passasse a ser reconhecida como um polo que alinhou cultura com turismo e, nessa construção durante essa caminhada, começaram a surgir empreendimentos que vem dando apoio, recebendo os turistas e atendendo a própria população das cidades.
“Estava vendo aqui em Areia algumas cafeterias ali e aqui que são frutos do crescimento das atividades envolvidas com o turismo, surgindo a partir da criação desta rota cultural que startou tudo isso, toda essa caminhada, e colocou o Brejo na vitrine do turismo nacional e internacional”, afirmou o superintendente do Sebrae“.
Luiz Alberto contou ainda um diálogo que teve com uma senhora, de nome Cida, que, ao abordar o contador de causos Jessiê Quirino numa cafeteria, perguntou se ele conhecia o Restaurante Vó Maria, na zona rural de Areia. Mesmo com a resposta positiva ela disse que ele precisava conhecer a história do restaurante, recomendando que ele visitasse o site do equipamento para saber mais sobre como tudo começou, inclusive citou que havia recebido um prêmio internacional recentemente. “Veja como isso é importante. Isso é o Caminhos do Frio, porque tudo começou meio que no improviso e hoje está totalmente diferente após esses 18 anos”, enfatizou Luiz Alberto.
Na opinião de Regina Amorim, todo o interior da Paraíba é muito forte no Turismo Rural, no Turismo de Natureza, no Ecoturismo, “e, a partir do momento em que a gente começou a estruturar o projeto Caminhos do Frio, que começou como um evento realizado nesta noite, a gente viu a possibilidade de colocar dentro da programação também as opções do que tinham que fazer durante o dia como pela manhã com as caminhadas, um passeio de bike, uma visita a um engenho. Tudo isso passou a fazer parte da programação do Caminhos do Frio”, afirmou.
Por outro lado, a gestora de Turismo afirmou que ainda é preciso contar com o investimento de agências de viagens na venda de pacotes para o Brejo paraibano. Para ela isso é um processo de crescimento a partir do momento em que as coisas forem acontecendo com mais divulgação. “Tenho acreditado no trabalho que vem sendo feito pelo governo do estado, por meio da PBTUR (Empresa Paraibana de Turismo) e da Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico, nessa nova gestão com maior investimento em promoção e ficando mais presente nos municípios. Eu acho que isso contribui muito”.
“Atualmente, a maioria dos turistas chega no Brejo por meio de agências de viagem e receptivo de Natal (RN) e Recife (PE). Estamos otimistas para que as empresas paraibanas olhem com outro olhar o potencial turístico que o interior da Paraíba possui”.
Rota Cultural deve atrair mais de 100 mil pessoas
Jaime Souza, presidente do Fórum de Turismo, estimou que a Rota Cultural Caminhos do Frio receberá um público superior a 100 mil pessoas circulando pelas 10 cidades que integram o projeto. No período de 10 semanas (70 dias) as atividades preparadas pelas prefeituras irão fazer com que a economia gire, fomentando empregos e renda, tendo em vista, por exemplo, que 90% da programação são com artistas da terra.
Além de fazer um intercâmbio com artistas da região, Jaime destacou que a Rota Cultural é um evento familiar, onde enaltece e valoriza o turismo de raízes e histórias das famílias, como a casa de farinha, engenhos, bodegas, que sempre foram administrados pelos avós e hoje estão sendo administrados pelos netos e filhos.
“Nós entendemos que o nosso turismo de experiência e vivência só acontece com a Cultura, a Gastronomia e o Artesanato. Um exemplo disso é o Memorial da Casa de Farinha, em Pilões, que é um equipamento turístico que depende da gastronomia, do artesanato e da economia criativa. Então existe cultura naquele espaço”.
“O turista não paga somente R$ 30 para comer o que é oferecido do produto da mandioca, eles vivenciam a produção, vivenciam a Casa da Farinha, vivenciam aquela identidade que vem dos antepassados que ali começaram a construir o Memorial e é justamente isso que nós começamos a entender. Então, as universidades e institutos federais, como a UFPB, IFPB, UEPB, o Sistema S e o Governo são parceiros nosso nesse sentido durante todo o ano nessa construção”.
“Este ano nós tivemos como grandes parceiros o Governo do Estado e o Sebrae que sempre nos vem auxiliando com recursos, assim como a Fecomércio, Sesc e Senac também, principalmente, nas oficinas e capacitações que acontecem durante a semana, e ainda a iniciativa privada que não entrou investindo no projeto como um todo, mas em algumas cidades como Bananeiras, Areia, Pilões, com essas ajudas de custo”.
O presidente do Fórum do Brejo chamou a atenção da procura dos turistas por hospedagem de forma bastante antecipada, “Estamos com poucas agências de viagens no Brejo, porém fomos surpreendidos com a quantidade de empresas que surgiram para esse ano comparando com os anos anteriores. O Brejo paraibano está se organizando e o trade turístico está abrindo os olhos, está investindo mais, porque, é bom salientar, o turismo não se movimenta apenas durante o período do Caminhos do Frio, que é uma culminância do que ocorre durante todo o ano”.
Para Jaime, a Rota Cultural, “é o festival de arte e cultura da região”. “Nós estamos com uma capacidade de 70% a 80% de ocupação hoteleira, igual índice do ano passado, mas com a diferença porque a procura foi um pouco mais cedo, a partir de março, e nós ficamos surpreendidos porque o nosso evento não depende apenas de artistas nacionais de renomes nacionais, nosso Caminhos do Frio depende da gente. Mesmo sem saber a programação, os turistas agendaram as suas estadias em pousadas e hotéis. Então, em maio nós já tínhamos a certeza de que este ano teríamos a maior edição desse projeto cultural”.
Calendário da Rota Cultural Caminhos do Frio
Areia: 03 a 09 de julho
Pilões: 10 a 16 de julho
Matinhas: 17 a 23 de julho
Solânea: 24 a 30 de julho
Serraria: 31 de julho a 06 de Agosto
Borborema: 07 de Agosto a 13 de agosto
Remígio: 14 de agosto a 20 de agosto
Bananeiras: 21 de agosto a 27 de agosto
Alagoa Grande: 28 de agosto a 03 de setembro
Alagoa Nova: 04 de setembro a 10 de Setembro
Fonte: Turismo em Foco
Créditos: Polêmica Paraíba