DEPENDÊNCIA

VÍCIO EM SITES DE APOSTAS: Compulsão pode trazer consequências graves; psicóloga explica como reconhecer quando é preocupante

(Foto: Marcelo Jr)

Nos últimos anos, devido ao crescimento do digital, muitas pessoas começaram a apostar dinheiro em resultados de partidas de esportes. Apesar de parecer inofensivo, esses “jogos” podem trazer consequências graves.

Além das apostas online em partidas de jogos, existem também aplicativos que prometem um bom retorno financeiro, inclusive, são amplamente divulgados por influencers na internet.

Um estudo da Consultoria Legislativa do Senado publicado em março deste ano apontou que a internet aumentou a chance de indução ao vício em apostas esportivas.

Assim como acontece com a dependência em álcool ou drogas, o vício em jogos não começa de um dia para o outro, mas, se desenvolve de forma gradual.

Alguns fatores de risco podem também contribuir para a dependência em jogos, como por exemplo o biológico, psicológico e social.

O vício em jogos pode causar dependência comportamental, passando assim, a mentir e enganar as pessoas ao seu redor, apenas para continuar jogando. Em casos frequentes, a pessoa pode acabar também perdendo o emprego por não conseguir cumprir seus compromissos, passando a gastar mais, e, consequentemente, tendo prejuízos financeiros.

A perda de controle é uma das principais coisas que acometem a pessoa viciada em jogos. Alguns fatores como a  irritabilidade, a ansiedade e a insônia prejudicam a saúde mental e física.

Segundo uma reportagem do BHAZ, publicada em 2022, um homem de 25 anos, não identificado, resolveu compartilhar o “outro lado da moeda” ao fazer um alerta em suas redes sociais. Ele contou que desde 2019 acumulou um prejuízo estimado de R$ 80 mil.

“Basicamente, eu acabei com a minha vida devido a esse vício e afundei não só a mim, como também toda minha família. O fundo do poço parece nunca chegar e a tristeza e o desespero a cada aposta perdida me fazia tentar desesperadamente uma nova aposta e a realidade era uma nova derrota”, escreveu o rapaz em um trecho do relato.

Em entrevista ao Polêmica Paraíba, a psicóloga Mayara Almeida conta como identificar o quadro de um viciado. “Pode ser preocupante quando a pessoa se torna incapaz de controlar seu comportamento em relação ao jogo, gerando prejuízos significativos na vida pessoal, acadêmica, social e profissional, ou seja, há um uso excessivo e descontrolado.”

“Se uma pessoa perder a noção de horário, passando a dedicar horas e horas de seu dia aos jogos, negligenciando as responsabilidades cotidianas e perdendo o interesse por outras atividades que antes lhe davam prazer, é um sinal de alerta”, explica.

Em alguns casos, é necessário a internação clínica. “A internação em clínicas especializadas pode ser uma necessidade quando o indivíduo demonstra uma forte dependência em relação ao jogo, mesmo tendo sofrido as consequências negativas decorrentes do seu comportamento viciante. A internação possibilita um acompanhamento mais constante e interferência em momentos de crise, além de oferecer suporte psicológico e farmacológico.”

Mayara também explica como o cérebro entende essa complicação. “No cérebro de um adicto em jogos, há um aumento na liberação de dopamina, que é um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e satisfação, podendo levar à busca incessante pelo jogo, como forma de recriar aquela sensação de bem-estar. Com o tempo, o cérebro se adapta a essa sobrecarga de dopamina, precisando cada vez mais dela para obter a mesma sensação de satisfação, o que pode levar a um aumento cada vez maior no tempo dedicado ao jogo, a ponto de se tornar prejudicial para a vida do indivíduo.”

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba