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Lula ensinou ao Nordeste governar bem o Brasil

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Gilvan Freire

Sob todos os aspectos, especialmente nos sentidos sociológicos e políticos, a eleição de Lula em 2002 foi o fenômeno que gerou a maior e mais radical mudança no pensamento do povo brasileiro. Foi o instante em que a democracia brasileira realizou o mais amplo mutirão social pelas mudanças, depois das eleições livres mas menos conscientes de Fernandinho – o ilusionista desequilibrado.

A eleição de Lula foi inteiramente legitimada pelas realizações de seu governo, o que consolidou no povo a sensação de conforto e segurança com relação aos efeitos do voto politicamente correto. Enfim, Lula governou bem e quebrou as resistências finais que ainda existiam sobre a sua competência e sua capacidade de governar com moderação, de tal sorte que foi premiado com um segundo mandato, coroando o período de maior prosperidade dos pobres e do país, recebendo (ele e o Brasil), o surpreendente reconhecimento do mundo.

Não fosse a idiotice petista de querer transformar o poder num projeto de grupo, em vez de um projeto de Estado, Lula teria democratizado a ideologia lulista, e o Brasil teria continuidade a sua obra, a fim de que os pobres continuassem menos pobres e o país mais rico.

Prevaleceu, contudo, no laboratório petista, a teoria do continuísmo, que não se faz no mundo democrático sem abuso e desvio de poder, manipulação dos pobres e da opinião pública, muita corrupção e práticas despóticas.

DILMA É UMA INVENÇÃO desse projeto de laboratório que maquia candidaturas, transforma pessoas ríspidas e difíceis em afáveis e constrói em torno dos ungidos todo o aparato caro de manutenção do poder e dos privilégios dos grupelhos partidários que os rodeiam. São esses grupilhos e os recursos do poder (dinheiro público), que enfeitam o bolo que eles fatiam em proveito deles próprios e alimentam as políticas nefastas do governo, promovem a adoração aos líderes, escondem problemas graves da administração e promovem a compra de votos dos pobres mediante auxílios financeiros às populações vulneráveis. Fazem de tudo, menos governar bem o país.

O estilo JK de Eduardo Campos, baseado em mudanças das regiões atrasadas, através de impulsos impactantes na economia e na alocação de recursos da infraestrutura industrial, portuária e logística, e na meritocracia do serviço público, não é só uma alternativa política para o Brasil: é a implosão do modelo petista de dominação partidária do PT e do projeto de poder a qualquer preço, representado pela era inventada de Dilma e pelo saudosismo do lulismo, cujo sinal mais notabilizado é o anacrônico culto à personalidade.

Mas uma das maiores qualidades de Eduardo Campos é ser o melhor quadro político e administrativo surgido a partir da era Lula, além de ser jovem, charmoso (e de origem ideológica firme e confiável), e de estar habilitado a dar continuidade a herança de Lula e Miguel Arraes, dois nordestinos que ensinaram o Brasil a respeitar o Nordeste e ensinaram o Nordeste a compreender os grandes problemas do Brasil.

É hora de por fim aos laboratórios de líderes e suas invenções!