foto

Nathália Carvalho

É evidente que segredos de justiça devem ser cuidadosamente protegidos pelo Judiciário e não pela imprensa. Por ter “pacto com o cidadão e não com as autoridades”, jornalistas que descobrem esses segredos têm obrigação de tratá-los como notícia e considerar a publicação, explicou o professor da ECA-USP e da ESPM, Eugênio Bucci. Participante do Seminário o “Crime e a Notícia”, realizado nessa quinta-feira, 25, em São Paulo, o profissional falou sobre a relação da mídia com o magistrado e reforçou a necessidade de discutir a questão da censura prévia.

“Se pensarmos em retrospectiva, encontramos no Brasil segredos que foram publicados e a população foi muito beneficiada”, disse. Para Bucci, não faz sentido existir imprensa se não para publicar o que o poder tenta esconder. O professor avalia que é necessário criar ponte entre as duas áreas e lembrou que a liberdade de imprensa não existe sem o acesso à Justiça. “É preciso entender que o direito de defesa e a liberdade de expressão não competem entre si”, comentou.

Bucci, que já esteve nas duas áreas, falou sobre o jogo de egos que existe em cada profissão e comentou que o conhecimento recíproco ainda é precário no país. “Vamos precisar de estudos e acordo compartilhados, além de convivência”. O jornalista diz que assim como o estado de direito não pode criar obstáculos para o cidadão que busca justiça, também não pode haver obstáculos para o cidadão que quer se informar.

O encontro que aconteceu em São Paulo foi realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) e Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD). A ocasião reuniu jornalistas e advogados de todo o país, além de profissionais e especialistas. Junto de Bucci, o painel “Direito de Defesa, Imprensa e Democracia” contou com a presença dos advogados criminais AntÃ?nio Cláudio Mariz de Oliveira e Theodomiro Dias Neto.